quinta-feira, 26 de julho de 2007

Memória 2 (Fazenda Regina)

Fazenda Regina - Gen. Salgado (Junho de 1976): Márcia, Osmarino, Duda, Vagner Longhini, Antonio de Souza (atrás), Gilberto, Gasolina e João Roberto.
Agachados: Baianão, Luizinho (Sapo), Joãozinho, Bombril, Branquinho e Cartolina.
Algum tempo depois grande parte deste time se tornou o forte esquadrão de São João de Iracema, capitaneado por Vagner Longhini. Baianão e Cartolina passaram a jogar no time do Paulinho Giamatei.
(foto: Álbum do Branquinho / Jornal A Gazeta - G. Salgado)

Paulinho Futebol Clube

Por volta de 1976/1977, nossa turma (todos adolescentes de onze, doze anos de idade) vivia correndo atrás de bola em todos os cantos da cidade: no antigo Campo de Aviação (que ficava no Jardim Celeste, no início da Rua Antonio Mendonça), na Creche Municipal; defronte a Delegacia de Polícia (onde depois foi construída a Escola "Ângelo Scarin"); e no clube, que então se chamava Salgadense Esporte Clube.

Certo dia eu soube que "seu" Roberto Japonês (Tomio Otsuki, que já subiu ao andar superior) estava formando um time da cidade para jogar em Floreal. Como os filhos dele, Leandro, Carlos e Fabiano Otsuki eram meus companheiros de peladas, também fui convidado.

Nelson Seraphim Junior era dono do único jogo de camisas para garotos que existia na cidade. Era do Palmeiras, apesar do dono ser corintiano. Seu Roberto encheu de moleques a caçamba da camioneta do Dr. Kleber Sales e se mandou para Floreal. Até então, ninguém tinha participado de um time completo, ninguém tinha noção de esporte coletivo.

A gente vivia disputando "cudeboi" pelas esquinas ou em campinhos de reduzida dimensão. Para quem não sabe, "cudeboi" era um tipo de disputa que a molecada adorava: um ficava no gol e os outros todos disputavam a bola. Todos chutavam contra o mesmo gol. Depois de certo tempo, vencia a disputa aquele que fizesse mais gols. Para que o goleiro não fosse muito sacrificado havia um revezamento.

Roberto Japonês chamou a turma e foi perguntando:

- Quem joga no gol? Quem joga de zagueiro? Quem joga de atacante?

E foi distribuindo as camisas. Não me lembro de todo o time, mas acho que o goleiro foi Leandro Japonês, o meio de campo tinha Pio Bernabé e Paulinho Giamatei, no ataque Junior Seraphim, Zé Carlos Rodrigues e Mané Bernabé. Fui escalado na zaga.

Estávamos perdendo o jogo e, no intervalo, alguns reservas reclamaram que queriam jogar. O técnico colocou uns e manteve outros ‘na cerca’. Lá pelas tantas, jogo correndo e muito disputado o técnico adversário grita para o Juiz:

- Pare o jogo porque o time deles tem doze!

Então nos demos conta que o Leta Pereira da Cunha (irmão do Nei Gordo), um dos reservas emburrados que queriam entrar no intervalo, aproveitou um descuido de todo mundo e entrou no time sem que ninguém tivesse saído.

Algum tempo depois resolvemos formar um time de verdade. Paulinho Giamattei se tornou dono, técnico, dirigente e jogador do time. Começamos a enfrentar os distritos: Nova Castilho, Iracema, Prudêncio e Morais, São Luiz e Nova Palmira. Quase todos os domingos a turma se reunia no Bar do Nino Giamattei e fazia uma vaquinha para pagar a perua do Sr. Orlando Prestes, que também atuava de massagista do time.

Quem não pagasse dez cruzeiros (era uma nota marrom, com o retrato do Santos Dumont, se não me falha a memória) não ia. Kaluzinho (meu amigo Leandro dos Santos) se aproveitava do fato de ser o único goleiro disponível e só pagava cinco. Todo domingo era uma guerra para tentar fazer o danado pagar dez, mas não tinha jeito:

- Eu só dou cincão, senão não vou!

Era melhor dividir a diferença entre os demais do que jogar sem goleiro.

Vamos ver se me lembro daquele esquadrão: Kaluzinho, Carlos José, Zé Antonio Fernandes, Dertinho Garcia, Vilmar Prado, Junior Seraphim, Carlos Garbattinho, Paulinho Giamatei, Mineirinho, Zé Carlos Rodrigues, Mané Bernabé, Cartolina, Baianão, Zé Roberto Lopes, Paulo Pateta, João Gato, Paulo César Veschi, Renato Fantini, João Chorão, Serginho Preto...

Paulinho era jogador e técnico e escalava o time da seguinte maneira: segurava a camisa 10 para ele e jogava o resto para cima. Saía jogando quem conseguisse pegar a camisa. De vez em quando Israel de Moraes (Raé) aparecia nos treinos e nos acompanhava nos jogos para dar uns palpites, incentivar a molecada.

Cartolina era um mulato que morava pelos lados do Estádio Municipal. Canhoto, driblador, jogava demais, tinha o hábito de pegar a bola no meio de campo e ir entortando toda a defesa. Era uma das armas do time. Algum tempo depois sumiu, nunca mais tivemos notícias.

Baianão era filho da Mariona Preta. Era craque, mas não tinha chuteiras, jogava descalço. Um dia fizemos uma vaquinha e lhe doamos um par de chuteiras. Porém, calçado ele se inibia. Começava o jogo e não acertava nada, a bola escorregava, o passe não saía certo, o chute era torto. Quinze minutos de jogo ele se enfezava, arrancava a bicanca e jogava para o lado. Aí parecia que estava jogando no meio da rua: fintas, chutes, firulas e gols de placa.

Cartolina e Baianão não tinham dinheiro para ajudar no pagamento da Kombi do seu Orlando, então só participavam quando o jogo era na cidade. Nossas mesadas não davam, já era muito ter que rachar a metade do Leandro. Uma ou outra vez, quando queríamos ter certeza da vitória ou descontar uma derrota, a gente fazia um esforço e rachava a passagem de um deles para reforçar o time no campo do adversário.

Dois times nos davam muito trabalho: Nova Castilho e São João do Iracema. Em Nova Castilho brilhavam Zezé Toledo, Luizão Pereira, Nardo Aleixo, Carlos Serrano, Tigre, Serginho e Genival. O time de São João de Iracema, comandado por Vagner Longhini, tinha como destaques o goleiro Bombril, João Roberto, Osmarino, Joãozinho e Gasolina. Esse time, aliás, quando surgiu em 1976, contava com Cartolina e Baianão. Todos os jogos eram difíceis e muito disputados.

Um dia apareceu na cidade o Piau Rodrigues, tio do nosso ponta-direita Zé Carlos Rodrigues. Piau jogou muita bola nos anos 60, foi considerado um dos grandes craques da região. Ele pediu para orientar o time. Estávamos querendo ganhar de todo jeito de São João do Iracema na casa deles, havíamos sofrido uma derrota inesperada, e aceitamos a proposta. Escalou o time e sumiu. Apareceu no intervalo, deu uns palpites, a partida recomeçou e ele desapareceu de novo.

O jogo estava empatado e faltando poucos minutos para o encerramento, nossos reservas descobriram que o técnico tinha tomado umas cachaças num boteco da esquina e estava dormindo na grama atrás de um dos gols. Como a grama era alta os jogadores não podiam avistá-lo. De repente ele acordou, olhou para o campo e gritou com o time:

- Passa a bola pro Cartolina!

Não sei se ouviram o grito, mas era um contra-ataque e deram a bola para o crioulo Cartolina. Ele enfileirou uns quatro ou cinco zagueiros e da entrada da área disparou um petardo: golaço!

Piau invadiu o campo para abraçar o time, fez a maior festa e se lembrou de perguntar:

- Quanto tá o jogo?

Dois minutos depois, jogo encerrado, vitória com aquele gol no finalzinho, alguns jogadores reclamaram com o técnico dizendo que ele havia desaparecido, tinha dormido atrás do gol. Ele retrucou:

- Mas se eu não mando dar a bola para o Cartolina a gente não ganhava!

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Bancárias

Há muitos anos, na esquina da Avenida Antonino José de Carvalho com a Rua Nadir Garcia funcionava a agência do Banco Real, onde trabalhava Vandenir Mendonça, o Vande. Por conta de sua presença a agência era fértil em situações engraçadas.

Estava ele trabalhando no caixa num dia de pagamento de benefícios a aposentados. Fila imensa, naquela época os distritos não tinham agências, vinha gente de todos os cantos sacar o dinheiro. Quase no final da fila uma senhora idosa colocou a bolsa sobre o balcão e começou a procurar algo, dizendo ao caixa:

- Ah! Moço, tô tão preocupada. Acho que perdi meu carneirinho! Ficou nos Poços ou esqueci no ônibus do Moisés!

O ônibus do Moisés fazia transporte diário de moradores do então distrito de São João de Iracema, popularmente chamado de Poços. Vande analisou a situação e perguntou:

- Mas minha Senhora, o Moisés transporta animal no ônibus?

Surpresa e sorridente ela explicou:

- Não moço, tô falando do meu carneirinho do INPS!

INPS era a antiga denominação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Um conhecido sitiante lá do Cachorro Sentado (cognome do distrito de Prudêncio e Moraes) recebeu um aviso do banco de que deveria comparecer imediatamente à agência. Preocupado, telefonou ao gerente, que lhe explicou:

- Não se preocupe que não é nada demais. É que o seu cheque especial está quase vencendo e o senhor precisa vir renovar o cadastro.

Dias depois o agricultor entrou na agência, aproximou-se do balcão e questionou uma das atendentes:

- Ô moça, com quem eu falo pra mode renovar o tal do cabaço?

Tempos depois o mesmo sitiante precisou de um financiamento para comprar umas vacas e foi ao banco. O funcionário colocou o formulário na máquina e foi lhe fazendo aquelas perguntas todas, necessárias ao preenchimento da proposta: nome, endereço, profissão, etc, etc.

No item das garantias o sitiante pretendia oferecer outras vacas que possuía. E segue o questionário:

- Essas vacas do senhor têm marca?

- Tem sim senhor.

- E onde ficam as marcas?

- Ah! Fica guardada em cima das telhas do paiol!

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Bar do Okuyama

Nova Castilho (meados dos anos 1970) - Marinaldo Cornélio (Preto), Gumercindo Pereira, José Voltair Marques (Zé do Braz), José Jacinto Alves Filho (Zé Prego) e José Giamatei (Jaburu).
(foto: Álbum do blogueiro)

Defronte a Praça da Matriz, onde atualmente existe o prédio do Banco do Brasil, entre os anos 70 e 80 existiu um bar de grande movimento, e que teve vários proprietários: Okuyama, Eliseu Bernabé, Zé Bolão, Pedrinho Giamatei. Seus freqüentadores renderam várias histórias.

No tempo do Sr. Toshiteru Okuyama, durante um carnaval, a turma do Jaburu (José Giamatei, que já viajou "fora-do-combinado") praticamente acampou lá no bar. Era uma turma da pesada (só para citar alguns dos membros: Zé do Braz, Preto Cornélio, Zé do Leite, Orlando Ascêncio, William Zancaner, Zé Prego, Tonho Branco, Cabo Onório), que costumava promover festas que ficaram na história da cidade.

No terceiro dia do carnaval, com intervalos que permitiam ao dono fechar o bar por poucas horas enquanto a turma se refrescava na represa municipal, o japonês perdeu a paciência e perguntou quando é que eles iriam embora de vez. Na parede havia um quadro que mostrava uma cena do interior: uma estrada que levava a uma casinha com quintal. No início da estrada uma carroça puxada por cavalos e antes da casa uma pequena ponte sobre um regato. Quando o dono do bar insistiu na pergunta eles responderam apontando o quadro:

- Nós só vamos embora depois que a carroça atravessar a ponte!

O carnaval acabou e a turma continuou bebendo e festejando por mais uns dias. Quando alguém resolvia dormir usava o porta-malas do carro como cama.

No tempo em que o bar pertencia a Eliseu Bernabé, era freqüentado por torcedores de futebol. Os irmãos Batata, Maninho, Pio e Mané Bernabé costumavam reunir os amigos para assistir os jogos pela TV. Ali assisti a todos os jogos da Copa do Mundo de 1978e muitas finais de Campeonatos Paulista e Brasileiro. Era o ponto de partida das carreatas.

A maior e mais festejada aconteceu quando o Corinthians foi Campeão Paulista em 1977, quebrando um jejum de 24 anos sem títulos. Lembro-me que Tigueis (Norival Fernandes, também no andar de cima) um gozador emérito, apesar de corintiano assistiu aos três jogos da final vestindo uma camisa da Ponte Preta só para atazanar os companheiros. Até que, no último jogo, durante as comemorações ele mesmo se encarregou de por fogo no uniforme do adversário.

Depois o bar foi comprado por Pedrinho Giamatei, outro gozador de mão cheia. Ele tinha um cliente especial, um representante comercial que vinha semanalmente à cidade e depois de visitar os clientes ia até o bar tomar cervejas e comer ovos cozidos. Ficava encostado no balcão batendo papo com o atendente, tomava uns goles, pedia um ovo, quebrava o ovo na quina do balcão, retirava a casca, salgava e ia petiscando. Comia uns quatro ou cinco.

Freqüentador assíduo do local e conhecedor dos hábitos do viajante o saudoso Cabo Honório (José Olímpio de Moraes) resolveu aprontar. Chegou minutos antes ao bar, aproveitou um descuido do Pedrinho, levantou o vidro da estufa de salgadinhos e enfiou um ovo cru entre os demais. Sentou-se numa mesa com outros amigos que sabiam da armação e ficou esperando o resultado.

O vendedor chegou no horário habitual e cumpriu o ritual de sempre: tomando cerveja, papeando, quebrando o ovo, etc. Lá pelo terceiro o ovo explodiu no balcão. Enquanto Pedrinho pedia desculpas, limpava a sujeira da camisa do rapaz e prometia enforcar a cozinheira, Cabo Honório e os amigos rolavam pelo chão de tanto rir.

De outra vez, avançados na noite, dois conhecidos pés-de-cana - pai e filho – estacionaram na beira do balcão e se afundaram na cachaça. De repente enveredaram para uma conversa sobre caçadas, tiros, pontaria, espingardas, patos. Um dizia:

Ô pai, você lembra aquele dia que fomos caçar lá no Talhadinho? Acertei um pato no ar e ele veio cambaleando até o chão!

O outro respondia:

- Mas eu dei um tiro muito mais bonito aquela vez lá na Lagoa do Tutu, bem na cabeça, o pato caiu reto, quase nos meus pés!

E por aí foram. Um dizia que tinha matado mais patos, o outro retrucava. Pedrinho assistindo. Enfim, resolveram ir embora, pediram a conta e quando foram receber o troco o balconista ficou sério:

- Olha! Podem ir embora, mas antes façam o favor de limpar essa sujeira de pato morto que vocês deixaram aí no chão!

Memória 1 (Nova Castilho 1949)

Nova Castilho - 1949 - João Firmino Marques, Geremias Marques, Dr. José D'Andréa (advogado na região), Joaquim Castilho, Hipólito Marques, Arcídio Castilho e o garoto Mauro Castilho.
( Foto: Álbum de Arandira Seixas Marques)

Nova Castilho (SP)

Por-do-sol na Lagoa do Bicho (2004)
Largo da Praça de Nova Castilho nos anos 70
(foto: Álbum do blogueiro)
Entre 1910 e 1915, em terras de propriedade do Sr. José Castilho, nas proximidades do Ribeirão Açoita Cavalos, surgiu um pequeno arruado chamado Vila Castilho.

No início dos anos 1920, Joaquim Castilho fez uma promessa a São José, compromissando-se em construir uma capela em louvor ao santo. Em 1924 a promessa foi cumprida e a primeira criança a ser batizada na pequena capela foi João Marques, filho do pioneiro Hipólito Ludgero Marques.

Além da Família Castilho, moravam na região os primos Firmino Luiz Marques e Norberto Luiz Marques (que chegaram ao local em 1906) e Hipólito Ludgero Marques (vindo em 1922).

As esposas de Firmino e Norberto (as irmãs Maria e Narciza Cândido), eram netas de João Cândido da Silva, que mais ou menos em 1896 havia deixado Minas Gerais para se instalar em terras próximas ao Rio Tietê, no local onde anos depois surgiu o povoado de Vicentinópolis, este fundado por Abrão Chibeni. João Cândido também era bisavô de Izaltina Castilho Cândido, esposa de Hipólito.

Por conta desse parentesco, todos os descendentes de Norberto, Firmino e Hipólito Marques, também são descendentes da Família Cândido, uma das pioneiras na região.

Em 1928, quando Antonino José de Carvalho - o Tonico Barão - deu início à Vila Palmira, que mais tarde se chamaria General Salgado, o povoado de Nova Castilho já existia.

Quando tornou-se distrito do então criado município de General Salgado, em 1948, passou a chamar-se Japiúba. Somente em 28.02.1964, quando passou a ser a sede do distrito, recebeu o nome definitivo de Nova Castilho.

Em 27.12.1995 foi elevado à categoria de município.

Em 2002 os índices do IBGE diziam que o município tinha 991 habitantes.

terça-feira, 17 de julho de 2007

General Salgado (foto)

Vista assim do alto...
Vista aérea do trevo central da Rodovia Feliciano Sales Cunha
(autor da foto: Acir Vieira)
Administradores do Município
:


Interventores nomeados:
1944 - Plinio Ribeiro do Val
1945/1947 - João Batista Veronezi
1947 - Cândido Arroio
1947/1948 - Plínio Ribeiro do Val

Eleitos pelo voto direto:
1948/1951 - João do Carmo Lisboa - Vice: Nadir Garcia
1952/1955 - Dr. Bruno Martins - Vice: Ferrúcio Secches
1956/1959 - Nadir Garcia - Vice: Arcídio Castilho
1960/1963 - Arcídio Castilho - Vice: Reinaldo Antonio Soligo
1964/1968 - Francisco Assis Cervantes - Vice: Lilácio Pereira da Silva
1969/1972 - Arcídio Castilho - Vice: João Marques
1973/1976 - Francisco Assis Cervantes - Vice: Orestes Fantini
1977/1982 - Norival Cabrera Rodero - Vice: Anísio Braz Constantino
1983/1988 - Francisco Assis Cervantes - Vice: Orestes Fantini
1989/1992 - Norival Cabrera Rodero - Vice: Dovídio Scaldelai
1993/1996 - Adelino Bido - Vice: Iaucir Carlos Marques
1997/2000 - Mauro Gilberto Fantini - Vice: Ivo Guimarães
2001/2004 - Iaucir Carlos Marques - Vice: José Augusto de Carvalho Neto
2005/2008 - Mauro Gilberto Fantini - Vice: Tim Martins


A primeira missa foi rezada em 1933 pelo padre missionário Jorge Geimender. A Paróquia Nossa Senhora das Dores de General Salgado foi criada em 27 de dezembro de 1940.

Os seguintes padres atenderam a paróquia:
Jorge Geimender (1941/1943)
José Mehlbawer (1943/1946)
João Missoni (1946/1948)
Julio Savieto (03/1947 a 09/1947)
Victor J. Herredo (10/1947 a 12/1947)
José Balestieri (12/1947 a 01/1948)
Casimiro Prado (1954 a 1955)
Cônego Domingos Planillo (01/1955 a 07/1955)
Victorino Liñan Hitos (1955 a 1992)
Arnaldo Parminonde Filho (1992 a 1996)
Sebastião Alástico (1996 a 2005)

segunda-feira, 16 de julho de 2007

No Mapa e na Rede

Sou do tempo em que a cidade de General Salgado ainda não estava no mapa.

No início de 1976 cursava a 5ª Série do 1º grau, no “Grupinho” Ângelo Scarin, e os cartógrafos ainda não se haviam dado conta de que ali no meio da "Boca do Sertão" - como é conhecida a região entre Monte Aprazível e Santa Fé do Sul - havia uma pequena cidade com nome de herói constitucionalista.

Ainda demorou algum tempo para que a cidade fosse incluída no mapa, na beira da Rodovia pela qual passaram, sobre imensos caminhões, as turbinas da Usina de Ilha Solteira.

Depois do mapa a minha expectativa era ver a cidade nas manchetes dos jornais e da televisão. Por fim aconteceu, infelizmente por causa de uma tragédia, quando assaltantes fugindo de um roubo à mão armada em Auriflama, invadiram um sítio na região de Nova Palmira e assassinaram, com requintes de crueldade, quatro irmãos da família Bonetto. Os jovens lavradores foram surpreendidos pelos ladrões e friamente massacrados.

Por este fato a cidade parou por duas vezes. A primeira no dia do velório e a segunda no dia em que a polícia trouxe os assassinos ao Fórum para serem interrogados. Com medo da reação dos salgadenses, os bandidos foram escoltados por uma frota de viaturas e dúzias de policiais armados até os dentes. Foram cerca de sessenta dias de manchetes, entre o bárbaro acontecimento e a prisão dos bandidos. Ainda bem que depois disso outros fatos de melhor sorte serviram para colocar a cidade nos noticiários.

Decorreram mais de vinte anos desde a inclusão da cidade no mapa até chegarmos à era da Internet. Quando acessei a rede pela primeira vez não resisti em pesquisar "general salgado" num destes sites de busca. Achei apenas algumas notícias históricas do General, não da cidade. Só muito tempo depois é que surgiram as primeiras referências. Sites de cartografia (por incrível que pareça!) e de estatísticas agrícolas, para começar.

Hoje em dia, para o deleite de todos, General Salgado está espalhada por todos os cantos da grande rede. É possível saber, por exemplo, como está o tempo, qual a previsão para a próxima semana. Dá para conhecer o mapa da região, confirmar a situação das rodovias e ainda conferir os votos que conduziram prefeitos ao comando da Administração do município.

No meu tempo, talvez por conta da ausência no mapa, muita gente ao responder à clássica pergunta: "Onde é que você mora?", preferia dizer "na região de Rio Preto", ou "na região de Araçatuba". Acreditavam que respondendo "em General Salgado", fatalmente teriam que responder a uma segunda questão: "Nossa! Aonde é que fica isso?". E chegariam à mesma resposta: "na região de Rio Preto".

Nos anos 70, numa excursão de salgadenses ao Rio de Janeiro, na porta do Estádio do Maracanã, o Pitocão (Antonio Carlos de Carvalho, filho do famoso Zé Guarda, e que já seguiu para o andar de cima!), se perdeu do grupo de amigos salgadenses e cutucou um porteiro do estádio:

- Moço, o senhor não viu o Titico por aí?

Diante do susto do funcionário, complementou:

- O Titico, lá de Salgado!

O moço respondeu:

- Não sei de quem o senhor está falando!.

E o Pitocão arrematou:

- Vai me dizer que o senhor também não sabe onde fica Salgado?

Talvez o porteiro do Maracanã até hoje ainda não saiba, mas se ele pesquisar na Internet tenho certeza que vai descobrir!

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Muita História pra Contar...

Contar histórias é uma arte. Contar boas histórias então, é mais do que isso, envolve certa sabedoria que muito provavelmente não possuo.

Acredito ser um bom ouvidor de histórias, não sei se aprendi a contá-las. Os contadores de história que considero especiais são aqueles que conseguem transformar um simples causo em algo extremamente engraçado, cheio de vida, de detalhes, de graça, de veneno e de sarcasmo.

General Salgado sempre teve bons exemplares. Dentre aqueles que conheci destaco Orlando Ascêncio como o melhor, dono de uma característica pessoal capaz de transformar pequenos detalhes em circunstâncias muito engraçadas. Uma narrativa rica que vai revelando caracteres dos personagens, dando-lhes circunstâncias especiais para emoldurar o fato. Tem ainda o dom de prender a atenção dos ouvintes, e o principal: é capaz de dar ao fecho da narrativa vernizes muito pessoais, com gestos, acentos e trejeitos característicos dos personagens envolvidos.

Existem outros que conseguem imitações quase perfeitas, com gestos e vozes, como Sidnei Constantino, o Pinga-Fogo.

Gosto também dos contadores da história. Geralmente pessoas mais velhas que guardam um grande rol de acontecimentos e sabem narrá-los com precisão. Muito aprecio as narrativas dos tempos de antanho, fatos históricos e pitorescos sobre a vida da cidade e dos cidadãos de outros tempos.

Tio Zeca Rodrigues foi um destes, sabia muita coisa dos moradores mais antigos de toda a região, das festas, dos bailes, das comitivas de boiada.

Arcídio Castilho era outro narrador incomparável. Fi-lo muitas vezes relembrar os primeiros dias de General Salgado, de Nova Castilho que ele viu nascer, e também das campanhas que o levaram a ocupar o comando da Prefeitura salgadense por três vezes.

Antonio Maron, Melentino Cardoso, Orlando “Rolinha” Crivelari, João Marques, também ouvi com atenção e prazer.

Talvez eu não seja um bom contador de histórias, mas faço aqui uma tentativa de registrar fatos interessantes que envolvem a história da cidade e seus personagens mais folclóricos.

Criança Não Mente!

O amigo Orlando Ascêncio conta que este fato se deu há muitos anos, lá pelas bandas de São Luiz do Japiúba, entre dois compadres, vizinhos de cerca, proprietários de pequenos sítios.

Um deles era dono de uma junta de bois de arado e foi solicitado pelo outro para que, quando das primeiras chuvas da temporada, preparasse um pequeno terreno para o plantio.

Passou-se algum tempo e as primeiras chuvas vieram pesadas, começaram numa tarde em que, de repente tudo escureceu, nuvens carregadas foram grassando, se ajuntando, e desaguaram torrenciais. As águas rolaram por toda a noite, formaram fortes enxurradas e foram carregando objetos, desbastando plantas e pequenos animais.

No romper da manhã, passado o temporal, em meio aos respingos das árvores e a cantoria dos pássaros, o compadre atou os bois ao arado e tocou para os lados do sítio do amigo a fim de cumprir com o prometido.

Ao passar pela casa, foi avisado que quando o sol marcasse a hora as crianças levariam seu almoço até o local do trabalho.

O aguaceiro deixara a terra bem molhada e os bois, sob o comando de boas rédeas, iam puxando o arado e desenhando no terreno os sulcos destinados ao cultivo das sementes. Por certo dali sairia boa safra, vaticinava.

O sol já estava alto quando o compadre percebeu vindo lá adiante um casal de crianças, filhos do amigo. Traziam um caldeirão envolto num guardanapo de pano e uma pequena garrafa arrolhada com a ponta de um sabugo de milho. Sentou-se num toco e já foi sentindo a quentura, o aroma da comida, o cheiro do café coado ainda há pouco. Tinha especial apreço pelos quitutes da comadre. Seria o único pagamento pelo serviço, já que era comum entre vizinhos servirem-se graciosamente.

Enquanto isso as crianças ficaram por ali olhando os bois pastoreando, saltitando por entre as pequenas poças d'água que se formaram em derredor.

Nisso, percebeu que o menino, mais novo, não tirava os olhos dele. Foi aí que se deu conta da comida que a comadre lhe havia mandado: arroz, feijão, ovo frito e algo que lhe pareceu, à primeira vista, uma caça. Talvez uma perdiz ou codorna, abundantes na região e muito apreciadas pelo compadre, que vivia empunhando estilingue e bodoque por aquela pastaria, por certo teria ido à caça naqueles dias.

Saboreava o petisco lambendo os beiços; a comadre tinha uma boa mão para a cozinha. Até que não agüentou mais o olhar inquieto do garoto e arriscou:

- Escuta menino, teu pai andou caçando por esses dias, matou alguma perdiz?

A resposta veio de imediato, direta e sincera como sempre acontece nestes casos:

- Não senhor, foi a mãe que cozinhou o "fanguinho" que morreu na "suva"!

General Salgado (SP)


No início do ano de 1928, vindo de Barretos (SP), Antonino José de Carvalho, conhecido como Tonico Barão, adquiriu extensas terras na região noroeste paulista.

Era tido como um valente desbravador dos sertões, de alma forte e espírifo inflexível. No cimo do espigão dos Rios Tietê e São José dos Dourados, próximo ao Ribeirão Açoita Cavalos, região então conhecida como Boca do Sertão, adquiriu a Fazenda Limoeiro, que também era chamada de "Pau Ferrado".

A boa qualidade de suas terras começou a atrair gente e o fazendeiro passou a alimentar a idéia de fundar uma cidade. Em meados de 1928 surgiu um pequeno arruado que, em homenagem à sua filha, ele chamou de "Vila Palmira". A primeira missa foi celebrada pelo Padre Missionário Jorge Giemeinder, no local onde mais tarde foi iniciada a construção da primeira igreja.

O povoado de Palmira pertencia ao antigo distrito de Sebastianópolis e foi elevado à categoria de Vila em 05 de dezembro de 1928.

Em 1937 a sede do distrito foi transferida para Vila Palmira que passou a chamar-se "General Salgado", em homenagem ao General Julio Marcondes Salgado, morto na revolução de 1932.

Em 1944 foi elevada à categoria de Município. Contava com o distrito de Auriflama e, em 1948 foram criados os distritos de São João de Iracema e São Luiz do Japiúba.

General Salgado passou a ser comarca em 30 de dezembro de 1953, ficando então com 4 distritos: São João de Iracema, Nova Castilho, Prudêncio e Moraes e São Luiz do Japiúba, e o povoado de Nova Palmira. Os dois primeiros distritos alcançaram emancipação política nos anos 80/90 e Nova Palmira tornou-se distrito.

A cidade localiza-se na região noroeste do Estado de São Paulo, seu território faz divisa com os municípios de São João das Duas Pontes, Fernandópolis, Araçatuba, Magda, Gastão Vidigal, Auriflama, Nova Luzitânia, Jales e Paranapuã. Dista 545 kms da capital.

Além do Rio São José dos Dourados e do Ribeirão Açoita Cavalos, seu território é cortado pelos córregos Areia, Talhados, Buriti, Macaúbas e Lambari.

Conta, atualmente, com cerca de 10.000 habitantes.

Para Começo de Prosa...

No início do ano 2001, ao construir e hospedar na internet o primeiro website sobre a cidade de General Salgado (SP), os irmãos Acir e Emerson Vieira me pediram algumas idéias para incrementar a página.

Meu primeiro palpite foi a criação de uma seção intitulada “Memória”, com fotos antigas mostrando a evolução histórica do município e seus moradores ilustres. Mas eu vinha acalentando há muitos anos a idéia de registrar algumas histórias da cidade e de seus personagens, narrativas que fui colhendo e guardando ao longo dos anos e que mostram, a meu ver, um tipo de identidade do povo salgadense, ainda que basicamente constituídas por folclore humorístico.

Com a aceitação da proposta, criou-se um endereço eletrônico para que os visitantes pudessem comentar e relatar as histórias engraçadas e curiosas que conheciam. Desenvolvi aproximadamente 70 crônicas que foram lançadas semanalmente durante quase dois anos. Grande parte estava armazenada em minha memória e em algumas anotações, mas muitas nasceram das informações recebidas dos navegantes.

Apesar de constarem como verdadeiros, os episódios narrados foram descritos como recebi, sendo impossível afirmar que os detalhes e circunstâncias tenham acontecido exatamente como foram descritos pela tradição oral. Os nomes de alguns personagens foram deliberadamente omitidos, pois nunca houve a intenção de melindrar ou ridicularizar e sim, de homenagear ou divertir.

Depois de quase três anos e um relativo sucesso, o site foi transformado no endereço oficial da cidade na rede e as crônicas foram deixadas de lado. Transformou-se num sonho e, conseqüentemente, num desafio, reunir ao menos parte delas em livro e assim permitir que outros leitores possam conhecê-las, guardá-las e, principalmente, manter viva a tradição de contar as histórias para seus descendentes. O livro ainda é um sonho...

Agora, com o surgimento dos blogs, decidi recolocá-las na grande rede e aproveitar a oportunidade para escrever outras. Por isso, preciso de ajuda. Você que nos visita pode enviar palpites, comentários e sugestões. Todos serão sempre benvindos.

O grande escritor russo Leon Tolstoi dizia que o escritor, para ser universal, deve começar contando da sua aldeia. Não tenho a pretensão de atingir a universalidade, mas espero que as minhas histórias consigam prestar justa homenagem às minhas origens.

Também espero que possam incentivar a leitura, a busca incessante do conhecimento, do aprimoramento cultural e principalmente, animar outros salgadenses a lutar pela realização de seus sonhos.