segunda-feira, 29 de março de 2010

Bar do Toninho

Antonio Rodrigues Mendonça Filho no Bar Central, popularmente conhecido como Bar da Rodoviária, um dos mais antigos e tradicionais da cidade.
O salgadense Marco Antonio Fernandes, o famoso Radar, me enviou texto de autoria de seu filho Matheus Henrique, produzido para um trabalho escolar sobre os prédios antigos da cidade. O prédio enfocado foi o do Bar Hotel e Restaurante Central, o tradicional Bar do Toninho Mendonça, um dos mais antigos da cidade. Ao publicar o trabalho agradeço - mais uma vez - os amigos que colaboram com o blog, sem os quais não teríamos tanto fôlego.

Segundo a pesquisa feita por Matheus Fernandes, o Bar Hotel e Restaurante Central, que está localizado na Rua Euflauzino Theodoro de Castilho esquina com Avenida Antonino José de Carvalho, no centro da nossa cidade, pertence ao Toninho Mendonça desde 1955.

O prédio foi construído em 1946 por João Careca a pedido do primeiro proprietário, o Sr. João Valente. Anos depois foi vendido a Otamar Von Ank que ampliou o bar para nele instalar um hotel e restaurante. Desde a construção o local serviu de ponto de ônibus, atendendo passageiros que se deslocavam pelas linhas municipais e regionais, como Viação VAP (atual Expresso Itamarati) que fazia a linha entre as cidades de Pereira Barreto e São José do Rio Preto. Outras empresas da época: Expresso São Paulo que fazia linha de General Salgado a Jales, e Viação Guerra fazia linha entre Araçatuba e Fernandópolis passando por General Salgado.

Matheus narra que o Bar do Toninho foi palco de vários fatos históricos para a nossa querida cidade, como por exemplo, o lançamento da candidatura de Nadir Garcia em 1956 e da candidatura de Francisco Assis Cervantes anos depois. Lá também ocorreu a morte de Diogo Garcia Carmona, que caiu morto quando convidava o proprietário do bar para um almoço que, dias depois, celebraria o casamento de uma filha.

Merecem destaque como personagens históricos do Bar do Toninho, além de seu proprietário, os funcionários Lau Mendonça, irmão do Toninho que lá trabalhou por mais de meio século, até falecer em 2009, e Carlos Otsuki, que conta mais de 20 anos de balcão. Apesar de não ser mais o Bar da Rodoviária, o Bar do Toninho Mendonça ainda é um dos mais frequentados na Praça da Matriz.

Ao Matheus e ao Radar, nossos agradecimentos pela história.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Memória 86 (Flamengo)

Flamengo Salgadense (Anos 60) - Em pé: Paschoal Pompilio, Azilio Prado, Alcides Queiroz, Paraguaio, Lazão, Zé Afonso, Alceu Queiroz e Birolinho. Agachados: Piau, Cido Prado, Arnaldo Regula e Nael Prado. O décimo primeiro jogador devia estar dando entrevistas e não chegou a tempo de aparecer na foto.
(foto: Álbum de Edmar Prado)

Mais Vandenir

Vilmar Prado e Alex Galhardo mandaram mais algumas boas histórias do saudoso Vande Mendonça e eu acabei me lembrando de outra.

Certa vez ele precisou ir a uma repartição pública assinar um documento. O funcionário colocou o papel à sua frente e apontou o dedo para a linha onde ele deveria assinar.

- Assino o meu nome? – perguntou.

- Não, o nome da tua mãe!!! - retrucou o servidor com ironia.

Vande rabiscou o documento e saiu. Minutos depois o rapaz foi conferir a assinatura, estava escrito: Rosalina Mendonça.

Por algum tempo ele foi proprietário de uma lanchonete nas proximidades da Vila Maria. Numa madrugada, Alex Galhardo e outros amigos saíram de uma festa e foram para lá.

- Vande, tô morrendo de fome. Tem algum sanduíche na frente.

O botequeiro saiu até a calçada, olhou para os dois lados e respondeu:

- Sanduíche aqui na frente não tem nenhum...

Nos anos 80 a cidade não tinha diversão noturna. As poucas lanchonetes fechavam cedo. Depois da meia noite não havia nada para fazer. Uma das diversões da nossa turma era pular o muro do Clube e se refrescar na piscina.

Tudo era feito muito em silêncio para não chamar a atenção dos guardas noturnos municipais, nem dos diretores do clube. A turma ia se esgueirando pela beira do muro até achar algum lugar mais ermo. Superado o obstáculo, ainda era preciso tomar cuidado para não fazer barulho no interior do clube e chamar a atenção de algum vizinho.

Numa dessas aventuras estávamos nuns dez. No fim da fila ficamos eu, Serginho Mão Branca e o Vande. Os primeiros pularam o muro e saíram de fininho em direção à piscina. Eu saltei e fiquei esperando os dois últimos. Mão Branca logo surgiu ao meu lado e caminhamos uns 5 metros adiante. Ouvimos o barulho do salto do Vande e paramos para esperá-lo, mas ele demorava. Ao prestarmos mais atenção – estava muito escuro – percebemos que ele tateava pela grama, procurando algo.

- Vande – sussurramos – que é que foi?

- Tô procurando minha dentadura...

quarta-feira, 10 de março de 2010

Memória 85 (Time da Creche)

Creche (ínício dos anos 80) - Este time era formado pela turma que frequentava o campo existente ao lado da Creche e Berçário Nossa Senhora das Dores. Disputava campeonatos municipais e torneios regionais. Em pé: Branquinho, Nei Gordo, Abel, Carreirinha, Carlão, Pedro Mussum, Baianão e Zé Rosa. Agachados: Pepi (com a bola), Julinho, Zé Carlos Rodrigues, Jurandir Castro, Celso Santana (Morais) e Serginho Preto.
(foto: Álbum de José Eustáquio de Carvalho)

terça-feira, 9 de março de 2010

O Samba do Vande

É impossível curtir o carnaval salgadense, rever os bons amigos, relembrar os velhos tempos sem que venha à lembrança histórias do saudoso Vande Mendonça.

Nos anos 80 os blocos não tinham recursos financeiros para que as festas durassem a noite inteira. Logo depois da meia-noite fechavam as portas incentivando o comparecimento dos foliões aos bailes do Salgadense Esporte Clube.

Encerrado o baile, pequenos grupos retornavam aos blocos para tomar as últimas ou reacender a churrasqueira. Isso é o que acontecia quase todas as noites no Bloco Maluko.

Numa dessas madrugadas alguém apareceu com um violão e formamos uma roda de samba, improvisando instrumentos de percussão com cadeiras, panelas, colheres, latinhas de cerveja, algo assim.

A madrugada findava quando o Vande disse que ia cantar uma música de sua autoria e pediu que o violeiro o acompanhasse ao ritmo do famoso samba Volta por Cima do compositor paulistano Paulo Vanzolini, um grande sucesso da época cantado pelo sambista Noite Ilustrada. A letra original é assim:

“Chorei, não procurei esconder, todos viram, fingiram
Pena de mim não precisava,
Ali onde eu chorei qualquer um chorava,
Dar a volta por cima que eu dei quero ver quem dava.

Um homem de moral não fica no chão
Nem quer que a mulher lhe venha dar a mão,
Reconhece a queda e não desanima
Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”

Assim que começaram os acordes do violão e a batucada, porém, Vande começou a colocar outra letra na música:

“Peidei, não procurei esconder, todos viram, fedia
Perto de mim ninguém ficava
Ali onde eu peidei qualquer um peidava,
Dar o peido fedido que eu dei quero ver quem dava.

Um homem de moral não peida no salão
Nem quer que a mulher lhe chame de cagão,
Reconhece o cheiro e não desanima,
Levanta sacode a cueca e dá outro por cima”.

Na metade da música o acompanhamento foi parando porque o pessoal não aguentava rir e tocar ao mesmo tempo. Quando ele terminou a última frase, metade da turma rolava pelo chão e outra metade se apoiava nas paredes.

Demorou quase meia hora para terminar a sessão de gargalhadas. O autor da façanha teve que repetir a música umas quatro ou cinco vezes e, em cada uma das repetições acontecia nova rodada de riso.

Impagável!

Achei no Youtube o vídeo da canção original: