quinta-feira, 21 de maio de 2009

Memória 73 (Turma da Tia Djanira)

Turma da Tia Djanira (EE Tonico Barão, 1984) - A professora Djanira de Paulo e sua turma de pequenos. Precisamos da ajuda dos visitantes para identificar os demais retratados. Por enquanto identificamos os seguintes:
Em pé: 6. Rafaela Marino; 7. Viviane Lima.
Agachados: 1. Nildomar Marques Jr (Branquinho), 2. Hércules Matos, 6. José Sirotto.
Para identificar os demais, mande um e-mail para o nosso embornal, ou use a janela "Dedo de Prosa".
(foto: Álbum de José Sirotto - clique na foto para ampliar)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O Velho Peão

Osvaldo Sirotto, conhecido como Dim Serrote, foi um dos mais folclóricos personagens salgadenses. Fazendeiro à moda antiga, ficou rico com muito trabalho, mas nunca abriu mão do seu jeito duro e severo de administrar os negócios e a família.

Certa vez seu filho José Augusto e alguns amigos inventaram de laçar bezerros na fazenda. Foi na época em que os esportes equestres como laço em dupla e laço de bezerros começaram a surgir na região.

Acostumado ao antigo sistema de lida com o gado, laço comprido e arreio cutiano, o fazendeiro estranhou muito quando o filho apareceu com as primeiras selas americanas e os laços importados, curtos e feitos de nylon. Isso sem falar nos cavalos da raça Quarto-de-Milha, muito fortes, imponentes e de ancas largas.

A molecada, sem experiência e sem conhecimento técnico suficiente, não acertava uma laçada. O fazendeiro ficou muito inconformado com aquela incompetência e cobrou os competidores, que retrucaram dizendo que ele não sabia de nada, estava ultrapassado. Aquilo era modernidade, cavalos de raça e produtos importados. Não era coisa de um velho peão.

- Ara sô, vou mostrar proceis como é que se laça essa porqueira! Disse meio enfezado.

Montou na sua mula de lida arreada no sistema tradicional, aperos, pelego e argolas; abriu três rodilhas compridas no laço campeiro de couro cru, ajeitou a montaria no canto do brete e mandou soltar o bezerro.

A mula deu umas patinadas dentro do brete e saiu trotando meio de banda, as primeiras rodadas do laço resvalaram pelas lascas da cerca, a garotada começou a rir e a caçoar da cena, o garrote já ia longe quando, apertando as esporas nas ancas da montaria, conseguiu atirar o laço, que viajou muitas braças até encontrar - certeiro - o pescoço do bezerro.

Os laçadores modernosos tiveram que aguentar - calados - os desaforos com que o velho peão comemorou a façanha.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

É FESTA! 7 (Festa Elegante)

Elegância é tudo! - Marcelus Fantini Moraes, Marcelo Cruzeiro, Alex Marques Galhardo, Valmor Cabrera e Marcelo Gabriel.
Pelo jeito a foto foi tirada no início da festa...
(foto: Álbum de Alex Galhardo)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Os Porões da Ditadura

Nós interioranos pouco ficamos sabendo sobre o que se passou no resto do país durante o negro período da ditadura militar que teve vigência nos anos 60 e 70.

Depois de um golpe revolucionário ocorrido no dia 31 de março de 1964 os militares assumiram o poder, impondo uma série de restrições aos mais básicos direitos dos cidadãos. Contestados e confrontados, passaram a adotar todo tipo de abuso e arbitrariedade para manter o comando do governo federal.

Enquanto para nossos pais e avós os milicos pareciam cordatos, preocupados única e exclusivamente com o desenvolvimento do país, por debaixo da pele de cordeiro o lobo mostrava as garras afiadas, derramando o sangue de brasileiros que formavam alguns grupos políticos mais resistentes.

De triste memória para o povo paulista, o governo militar utilizou-se do DOI-CODI (Departamento de Operações e Informações do Centro de Operações de Defesa Interna) formado por policiais civis, militares e soldados do exército, para combater a resistência política de esquerda existente no Estado.

À frente do departamento, um delegado que ganhou fama tanto por merecer o prestígio das Forças Armadas como por ter chefiado o Esquadrão da Morte, um grupo de policiais que passou a eliminar adversários fria e calculadamente. Seu nome: Sérgio Paranhos Fleury.

Com a edição do Ato Institucional nº 05, em 1968, o Governo Federal cassou direitos políticos, instalou dura censura aos meios de comunicação, proibiu manifestações e reuniões públicas, perseguiu militantes políticos e passou a policiar todos os meios de manifestação cultural: cinema, teatro, rádio, televisão, espetáculos públicos, música, etc.

Muitos militantes dos partidos políticos da esquerda, duramente perseguidos, caíram na clandestinidade e pegaram em armas para resistir e lutar contra o regime. A fim de combater as táticas de guerrilha adotadas pelos resistentes, os policiais do DOI-CODI formaram o temido Esquadrão da Morte que passou a perseguir e eliminar as lideranças políticas oposicionistas.

Estabeleceu-se a partir de então uma verdadeira guerra, com a utilização de métodos brutais e sangrentos de ambos os lados. A oposição resistia à bala e praticava assassinatos e assaltos a bancos para marcar sua resistência e financiar a guerrilha. O governo, através do longo braço de chumbo criado dentro da polícia paulista, perseguia, prendia, torturava e matava sem meio-termo, sem garantias, sem dó nem piedade. Diz-se que numa das paredes da sede do DOI-CODI havia uma placa com os seguintes dizeres: Contra a Pátria, não há direitos.

As prisões arbitrárias praticadas pela polícia repressiva se estenderam por todo o país e deixaram de ter conotação política, passaram a ser adotadas indistintamente. Se um policial se deparasse com um sujeito na rua e não gostasse da cara do elemento, podia prendê-lo e mantê-lo preso sem motivos, sem ordem legal, sem registro da ocorrência, sem nada. No mais das vezes a vítima apanhava e tinha que agüentar o tranco. Primeiro apanhava sem saber por que e depois, porque não sabia.

O nosso interior nunca esteve livre desses arbítrios. Em todas as cidades o comportamento da polícia passou a repetir o dos porões do DOI-CODI.

Certa vez alguns moradores do pequeno povoado de Nova Castilho foram detidos por militares sem qualquer motivo e levados para Araçatuba. Inocentes e sem conhecer a acusação, sem saber o crime pelo qual estavam sendo detidos, foram encaminhados para São Paulo, onde conheceram os porões do DOI-CODI.

Ainda criança vivendo em Nova Castilho eu soube deste fato, mas jamais fui capaz de compreender as razões pelas quais alguns membros da tradicional família Garcia teriam sofrido tamanha injustiça. Somente anos depois, quando passei a conhecer a história política daquele período é que me dei conta do acontecido.

Há poucos anos, lendo Autópsia do Medo (Editora Globo), livro em que o jornalista Percival de Souza desnuda os porões do DOI-CODI para contar a vida do temido Delegado Fleury, tive consciência das atrocidades cometidas e posso concluir que foi um milagre os salgadenses terem escapado com vida das mãos terríveis e sangrentas da repressão.

Depois da injusta prisão, a família ficou em desespero, sem saber os motivos da detenção, sem saber para onde foram levados. Ao buscar socorro com algumas autoridades foi orientada a não se manifestar nem procurar auxílio: “se vocês reclamarem é pior!”.

Lançaram mão do único recurso que ficou ao alcance: reza, missa, terço, procissão. Somente a providência divina poderia intervir para revogar o ato injusto, monstruoso e arbitrário cometido pelos militares.

No seu relato sobre as torturas e mortes acontecidas no DOI-CODI o braunense Percival de Souza relata que algumas vezes os policiais se cansavam de tanto agredir, torturar e matar os detidos, e acabavam liberando alguns presos menos implicados. Somente por este fato – creio eu– é que os salgadenses não experimentaram dos duros métodos repressivos e depois de quase 60 dias foram colocados na rua.

Mas ainda há outro fato noticiado no livro que me permitiu desvendar outra história ligando a polícia repressiva à nossa cidade.

No final dos anos 70, junto com os salgadenses que moravam na capital, apareceu na cidade uma mulher jovem, bonita e atraente. Ficou longa temporada por aqui, chamava-se Jô. Lembro-me bem dela porque minha turma a elegeu dona do melhor par de pernas da cidade.

Sei que sua beleza enlouqueceu alguns salgadenses. Num carnaval, depois de tomar todas ela desmaiou num dos bancos do jardim do clube e nós a tudo assistíamos enfeitiçados por aquelas pernas roliças, cujas coxas saltavam pra fora do econômico shortinho.

A moça apareceu do nada e ninguém sabia de nada sobre sua vida, origem, família, destino. Algum tempo depois surgiu um comentário de que ela se ocultava na cidade porque estaria envolvida num crime que horrorizou todo o Brasil: o sequestro e morte do jovem milionário Lúdio Martins Coelho, o Ludinho, filho do ex-senador sul-matogrossense Lúdio Coelho.

O crime havia acontecido em meados de 1976 e naquele tempo sequestro era um crime raro. A história ficou gravada na minha mente não só por causa do noticiário sobre o brutal assassinato, mas também porque a dupla sertaneja Milionário e José Rico fez estrondoso sucesso com uma música que homenageava o falecido (“O Brasil todo sentiu / Mato Grosso entristeceu / Campo Grande está de luto / pelo filho que perdeu”).

A notícia de que a tal de Jô estaria envolvida no crime pegou todo mundo de surpresa, mas jamais foi confirmada, mesmo porque ela sumiu da cidade pouco tempo depois e nunca mais deu notícias. Mais de trinta anos depois, com a ajuda do jornalista investigativo Percival de Souza, tento desvendar – ou aumentar – o mistério sobre a moça e o boato.

O livro que desnuda o polêmico Delegado Fleury narra o extenso rol de atrocidades que ele praticou, torturando e matando inocentes, chefiando o Esquadrão da Morte e servindo, com as mãos sujas do sangue de brasileiros inocentes, o poderio militar. Mas também revela outro lado de sua personalidade, capaz de conduzi-lo ao estrelato e à fama. Por detrás do carniceiro havia um policial muito inteligente, de bom faro, competente nas vezes em que se dispunha a fazer o bem. Muitos crimes comuns foram elucidados através de sua astúcia investigativa.

O garoto Ludinho, de 22 anos, filho do pecuarista e banqueiro Lúdio Coelho, foi seqüestrado e poucos dias depois encontrado morto. Em desespero a família da vítima pediu auxílio ao temido delegado para solucionar o caso.

Fleury chegou a Campo Grande no mesmo dia em que o corpo do moço foi localizado. Assim que pôs os pés na futura capital do Mato Grosso do Sul, foi procurado por dois tenentes da polícia militar, que se ofereceram para auxiliar na investigação.

Dias depois um terceiro miliciano, um cabo, procurou o pai da vítima e relatou que fora convidado, mas recusara participação no sequestro, apontando como autores justamente os dois tenentes que se apresentaram a Fleury. A PM do Mato Grosso não acreditou na delação, o delegado sim. Descobriu em seguida que a amante de um dos autores teria confidenciado o plano para uma amiga de nome Josélia.

Aí entrou em ação o chefe do DOI-CODI. Fleury colocou no pau-de-arara (instrumento no qual as vítimas de tortura eram dependuradas) a moça e o advogado dela e durante longa sessão de choques e pancadaria fez uma promessa: se entregassem os autores ficariam livres, jamais seriam importunados. Foi assim que obteve a confirmação de que os dois tenentes haviam planejado e executado o crime.

Os policiais foram presos no litoral paulista e recambiados para o Mato Grosso. Depois de dois minutos de “tratamento” confessaram tudo ao delegado. Algum tempo depois o mentor do sequestro acreditou numa promessa de fuga do presídio e foi fuzilado ao transpor os portões. Sua eliminação jamais foi esclarecida.

No seu relato sobre o caso, Percival de Souza revela que Fleury cumpriu a promessa que fez à testemunha que o ajudou a desvendar o crime: Josélia. Diz que ela foi para São Paulo e jamais foi importunada.

Imediatamente após conhecer a história com tantos detalhes, rememorei a Jô que viveu em Salgado meses depois do fato.

Teria sido ela a Josélia envolvida no crime e citada no livro?

Tenho quase certeza que sim.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Nova Castilho



Vista aérea de Nova Castilho

Em meados da década de 1970, quando nos mudamos de Nova Castilho, o vilarejo era pequeno, tinha apenas algumas fileiras de casas ao redor da Praça.

Há poucos dias recebi esta foto aérea e me surpreendi, a nossa famosa Vila Castilho se transformou numa bela cidade.

Para conferir tudo de perto voltei lá no dia 1º de Maio. A cidadezinha está muito bonita e bem cuidada, as ruas limpas, casas e prédios em construção, a Praça tem um bonito jardim. À noite tive a satisfação de reencontrar grandes amigos de infância durante o show da dupla caipira Liu e Léu.

Chiquinho de Souza, Tarlei Garcia, Zé Paulo Honorato, Nardo Aleixo, Sérgio Longhini, foram alguns dos amigos que revi. Muitos salgadenses compareceram ao show, e foi uma satisfação reencontrá-los.

O mais importante, porém, foi ver que a nossa querida Nova Castilho está bem cuidada.

Cássia, Marquinhos Secches, Márcio Teixeira e Cal.

Carlos José de Oliveira (Negão), Márcio Teixeira da Rocha e Cal.
Eu e o Negão fomos alunos de violão do Márcio por volta de 1980, fazíamos aulas juntos. O Negão eu sei que aprendeu, eu nem tanto. Foi uma satisfação incontida reencontrar o nosso professor em Nova Castilho.

Carlos Henrique Godoy (meu afilhado), Cal e o araçatubense João Carlos da Silva.

Cal e José Paulo Honorato - colegas da antiga Escola de Nova Castilho nos anos 1970.

Pinga-Fogo

Como temos mostrado na seção “É Festa!”, recentemente inaugurada aqui no Proseando, a cidade é fértil em turmas animadas, que se reúnem constantemente em pequenos eventos festivos.

Um destes grupos é formado pelos casais Bete e Gilmar Prado, Cristina e Sidnei Constantino (Pinga-Fogo), Sivone e Vilmar Prado, Elane e Gustão Cervantes, Ângela e Djair Filó (Coxinha), Cássia e Marquinhos Secches, dentre outros.

A cada evento escolhem a residência de um dos casais para o próximo acontecimento, num sistema de revezamento.

As mulheres ficam com o trabalho mais dificultoso, escolhendo os petiscos e preparando a comida. Aos homens cabe o trabalho mais fácil, porém, mais importante: comprar e gelar a cerveja.

Numa das reuniões acontecidas na casa de Cristina e Pinga-Fogo, o anfitrião tomou todas e perdeu um pouco a noção de onde se achava. Lá pelas tantas chamou a mulher:

- Neném, vambora pra casa!