quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Memória 22 (Wilson e Claudina)

Claudina Marques e Wilson Gonçalves - Claudina é filha do casal Joana e Salustiano Luiz Marques; Wilson é filho adotivo de Maria e Firmino Luiz Marques. O casal tem nove filhos: Ademar, Jair (casado com Luzia Garbi), Lucilene (Carlos Fernandes), Leomar (Jorge Tavares), Nivaldo (Aparecida Paiva), Elza (Valdenir Cevada), Leonilce, Norival (Rosângela) e Lucélia (Edward de Oliveira). Com 9 anos de idade, Wilson conduziu um carro-de-boi no mutirão feito para ampliar as ruas da Vila Palmira, em 1932.
Fotos: Álbum da Família Marques

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Memória 21 (Braz Firmino Marques)

Braz Firmino Marques - filho do casal Maria e Firmino Luiz Marques, nasceu em Nova Castilho no dia 03/02/1917, casou-se com Arandira de Seixas, nascida em 13/03/1924, filha dos pioneiros Andrelina e Alvino Bernardino de Seixas. Tiveram dois filhos: Aparecida (casou-se com Domingos Rodrigues de Almeida) e José Voltair, conhecido como Zé do Braz (casou-se com Dalva Delafine).
Na foto: Arandira, Braz, Zé, Cida, Cal e Domingos.
(foto: Álbum do blogueiro)

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Tachinha

Chamava-se Laércio e, contando mais de trinta anos, vivia perambulando pela cidade carregando por sobre os ombros uma caixa de engraxate. Ficava por ali nas imediações do Bar do Toninho Mendonça. Fumava, bebia e brincava com todo mundo ainda que fosse, ao mesmo tempo, maltratado por todos ou, alvo predileto de brincadeiras e gozações.

Acho que o Tachinha viveu por mais de quarenta anos e durante todos eles sofreu a ausência de recursos e de atendimento especializado para excepcionais, que só foi superado quando criou-se na cidade uma unidade da APAE. Por conta deste abandono e do modo como viveu, foi mais um dos personagens folclóricos da cidade.

Vivia filando cigarros e trocados de todo mundo, nos diversos locais que freqüentava diariamente, escritórios, bancos, repartições públicas. Oferecia-se para engraxar sapatos e diante da negativa do possível freguês, acabava serrando uns cruzeiros para o almoço.

Certa vez deu de furtar pequenos objetos e acabou tomando umas bordoadas de policiais militares. Por conta disso um delegado que tentava mostrar serviço lavrou várias ocorrências policiais contra o infeliz.

Recém chegado à cidade, um Juiz de Direito “linha dura” verificou aquele grande número de ocorrências policiais contra o tal Laércio, vulgo Tachinha, e andou comentando pelos corredores forenses que possivelmente se tratava de um marginal de alta periculosidade e que, por certo, mereceria dura reprimenda penal.

Certo dia o magistrado assistia do alpendre de sua casa o cair de intensa chuvarada, quando avistou um indivíduo estranho correndo sob o pesado toró, rolando pelas poças d´água e fazendo guerra de lama com outras crianças de rua. Inquiriu um vizinho, querendo conhecer a identidade do deficiente mental, ao que lhe responderam:

- Aquele é o Tachinha!

No dia seguinte, dando-se conta do equívoco cometido pela polícia militar, pelo delegado e pelo juízo premeditado que fizera das ocorrências policiais existentes no Fórum, deu imediato fim aos processos, não só pela verificação do quanto era inofensivo o “delinquente”, mas também por sua incapacidade civil e penal, que redundava em inimputabilidade.

Não sei se é verdade, mas Tachinha vivia contando para todo mundo que fora vítima de abuso sexual. Parece que, sem compreender a situação por conta de sua total incapacidade, andara fazendo troca-troca com a molecada. Quando lhe perguntavam os nomes dos “parceiros” ele não titubeava em nomeá-los com voz afônica inconfundível.

- Mike, Vande, Calão, Dabeto...

Perguntavam-lhe quais eram as pessoas que mais gostava e ele ia dizendo nome por nome, principalmente aquelas que lhe dispensavam os trocados do cigarro e do sanduíche. De repente alguém colocava na lista o Cabo Eurípedes e ele, imediatamente, fechava a cara, fazia um muxoxo e saía do local chorando, lembrando as bordoadas que tomara no interior da delegacia.

Muitos anos antes de Tachinha, existiu em Nova Castilho um outro excepcional, conhecido por Nego. Tachinha padecia da Síndrome de Down, Nego era deficiente mental, retardado. Também era vítima de troças e zombarias, porém, muito bem tratado pela família. Tinha um irmão chamado Sebastião e várias irmãs.

Leonardo era um peão que trabalhava para tio João Firmino, muito competente, mas também muito ladino. Vivia “namorando” as irmãs de Nego. De vez em quando, retornando da lida, encontrava alguma delas pelas estradas na companhia do irmão. Apeava do cavalo e pedia para o Nego segurar-lhe o animal dando desculpas de que precisava se aliviar no mato. Sem que o irmão percebesse a moça saía de fininho e entrava no matagal acompanhando o boiadeiro. Nego esperava alguns minutos e, impaciente, gritava pelo dono do cavalo:

- Nardo, eu vou sortá teu cavalo!

Do meio do mato, a poucos metros de distância e sem interromper o namoro, Leonardo respondia, pedindo para que ele ficasse firme na vigilância do animal.

- Não solta não Nego, segura que eu já tô indo!

Dali alguns minutos nova ameaça:

- Nardô! Eu vou sortá teu cavalo!

Quando seu irmão Sebastião faleceu, durante o velório o Nego procurava um por um os conhecidos para se lamentar:

- O Bastião nunca tinha morrido. Morreu hoje!

E aos que lhe consolavam e lhe rendiam pêsames, acrescentava:

- E deixou uma camisa novinha sem usar, branca da cor de povil... (polvilho).

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Memória 20 (Orozimbo Barão)

Orozimbo de Carvalho - filho do fundador Antonino José de Carvalho (Tonico Barão), nasceu no dia 18/09/1889 e foi um dos primeiros moradores da cidade. Sua primeira mulher, Ester Pereira de Carvalho (nascida em 16/06/1891) faleceu em 14/05/1954. Anos depois casou-se com dona Laura de Carvalho. Era conhecido como Orozimbo Barão e faleceu em General Salgado no dia 17 de agosto de 1974.

Advogado Sem Diploma

A turma de amigos do Jaburu (José Giamatei) da qual faziam parte Zé do Braz, Orlando Ascêncio, Zé do Leite, Preto Cornélio, Tonho Branco, Zé Prego, William Zancaner e outros, era fértil em festas e armações.

Num carnaval em meados dos anos 70 eles construíram um boneco de boi, parecido com esses que se usam nos folguedos do Bumba-meu-boi, e saíram pelas ruas da cidade. O condutor do boi era o Preto Cornélio, que saia chifrando todo mundo na rua. Enquanto isso os demais iam desfilando a aprontando brincadeiras com os transeuntes.

A turma costumava se reunir nos finais de tarde na loja de produtos veterinários que o Jaburu tinha na Avenida Diogo Garcia, ao lado da antiga Farmácia do Marino Secches. Dali combinavam festas, churrascos e troças.

Num sábado à noite estavam tomando umas cervejas na ZBM (zona do baixo meretrício). Naquele tempo, final de semana sem baile era final de semana sem vida noturna na cidade, pois os bares fechavam cedo.

Todos bebiam e se divertiam quando ouviram um barulho estranho lá fora, um carro chegou a toda velocidade, levantando poeira, e dele desceram dois desconhecidos bastante embriagados, no estilo "cercando frango".

Ocuparam uma mesa e deram a entender, pela conversa, que se tratava de pai e filho. Começaram a botar banca, se mostrando arrogantes, dando ordens aos presentes, garganteando, ofendendo as moças do local.

Notando a empáfia dos forasteiros, Orlando Ascêncio foi até o quintal e voltou em seguida, dirigindo-se ao mais velho de forma educada:

- Por favor, o senhor é o dono daquele carro verde estacionado lá fora?

Diante da resposta positiva prosseguiu:

- Por gentileza, venha aqui fora ver o que o senhor fez!

Os dois se levantaram e se dirigiram até os veículos. Orlando mostrou que ao lado do carro verde havia um outro carro com a porta amassada. Indicou o estrago aos dois:

- Olha só o que vocês fizeram! Chegaram de qualquer jeito, fazendo bagunça, cantando pneu, levantando poeira e acertaram a lataria do meu carro.

Foi uma confusão danada, os dois negavam, diziam que não tinham amassado carro nenhum. Os demais incentivavam o Orlando e ele prosseguiu:

- Eu não posso ficar no prejuízo só porque vocês dois saíram por aí fazendo bagunça! Vocês é que sabem, ou me pagam o conserto ou eu vou devolver o estrago para vocês.

Apossou-se de um pedaço de pau e fez menção de quebrar o pára-brisa do outro automóvel.

- E tem mais - avisou - depois que eu quebrar o carro eu quebro vocês dois na pancada! Seus bêbados vagabundos!

Nisso os dois pediram calma, se desculparam pelo acidente, chamaram o Orlando e os amigos para dentro, pagaram uma rodada de cerveja, o mais velho sacou do talão de cheques e pagou o prejuízo. O cheque era de mil cruzeiros, que na época correspondia ao famoso “barão”. Dava pra comprar uma porta nova e ainda sobrava um troco.

Os salgadenses saíram imediatamente do local e foram para a Lanchonete do Zé Frota, onde eu estava. Eu tinha meus quinze, dezesseis anos. Sem que eu entendesse o motivo, tio Zé do Braz tirou do bolso o cheque de mil cruzeiros e me deu, dizendo para gastar como quisesse. Um barão era o meu salário de quatro ou cinco meses. Na mesma hora troquei o cheque com o Frota e então eles resolveram contar a história de como tinham recebido a grana.

O detalhe é que o carro amassado não era do Orlando, era do Zé do Braz, e o estrago na porta tinha acontecido no mesmo dia lá em Nova Castilho, quando ele, vindo para a cidade, passara correndo sobre um mata-burro quebrado.

Terminado o relato, Zé do Braz cumprimentou o Orlando:

- Vai ser advogado bom assim lá adiante! Melhor do que eu! Pode ir lá em casa amanhã buscar o meu diploma!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Memória 19 (Maria Cândida Marques)

Maria Cândida Marques - Filha de Vicência Candida da Silva e neta do pioneiro João Cândido da Silva, que veio para o interior paulista por volta de 1896. Maria Cândida chegou à região em 1906, com apenas 17 anos, na companhia do marido Firmino Luiz Marques (embaixo à direita). O casal teve cinco filhos: Luiz Firmino, Izaura, Altina, João Firmino, Julieta e Braz Firmino, e ainda adotou um sexto: Wilson Gonçalves. Maria faleceu em 1930, com apenas 41 anos de idade.
(fotos: Álbum da Família Marques)

Políticos de Primeira Viagem

Na capital paulista existe um bar próximo à Avenida São João que é tido como o ponto de encontro dos políticos do interior. Durante a semana é muito comum encontrar as mesas ocupadas por prefeitos, vereadores, secretários e outros tipos de "aspones" (assessores de porcaria nenhuma) interioranos.

Um Prefeito da região de General Salgado, inexperiente nas coisas da cidade grande, ou seja, puro sertanejo, entrou no bar acompanhado de seu séqüito, e foi reconhecendo os colegas que se preparavam para o almoço, até que um deles o convidou, mostrando os pratos do couvert:

- Sr. Prefeito, como vai? Não quer se sentar aqui e comer conosco?

E o prefeito, vendo que os assessores já se acomodavam mais ao fundo, desculpou-se, espetando o palito num dos petiscos do prato do amigo:

- Me desculpe, vou me sentar mais ao fundo com o pessoal da minha cidade, mas pra não desfazer do convite vou comer um "conosquinho" desse aqui!

Sentou-se à mesa com os auxiliares e o garçom se aproximou para recolher os pedidos, dirigindo-se à autoridade maior:

- Senhor Prefeito, o senhor já escolheu seu prato?

- Se não tiver de ferro agate, pode ser de louça mesmo, daqueles de florzinha!

Numa comitiva de políticos salgadenses à capital, havia um marinheiro de primeira viagem, que nunca tinha pisado o solo paulistano. Durante o trajeto foram ultrapassando vários caminhões carregados de banana e ele inquiriu os demais:

- Pra onde é que vai tanta banana?

Quando lhe responderam que o destino das frutas era a capital ele não acreditou, ficou remoendo e dizendo para si mesmo que seria praticamente impossível uma única cidade consumir cargas e mais cargas de banana. Assim que o carro adentrou a marginal e ele botou os olhos pela primeira vez na capital, espantado com o tamanho da cidade, lembrou-se do cortejo e reconheceu:

- Meu Deus do céu! Haja banana!

O debutante também nunca tinha freqüentado um restaurante. Depois do expediente a comitiva resolveu almoçar num daqueles bem chiques. Envergonhado porém orgulhoso, pensou que escondendo dos demais a ignorância ficaria livre da chacota, da gozação. Imaginou que para sair incólume e não passar vexame bastaria acompanhar os pedidos dos companheiros mais experientes: "o que um pedir eu peço também", vaticinava.

O garçom se aproximou, começou a tomar nota dos pedidos e ele ficou assuntando, esperando vez. Mas o barulho do ambiente prejudicava sua audição, não entendia direito o que estavam pedindo. Quando entendia, não compreendia que tipo de comida poderia ser aquele, estava habituado a "arroz, feijão, bife, ovo", e ouvia algo como: Filé à Cubana; Filé Chateaubriand; Strogonoff; Vitela, Escabeche...

Quando o garçom se aproximou e perguntou-lhe sobre a escolha, ele não tinha conseguido captar o nome de nenhum dos pratos e resolveu não arriscar:

- Eu quero o mesmo que o meu amigo aqui do lado.

Não deu nem tempo de se sentir aliviado e o garçom complicou a vida dele de novo:

- E para acompanhar senhor?

Pensou, pensou e antes que os amigos pudessem perceber a sinuca em que se havia metido, disparou:

- Tem farinha?

Memória 18 (Julieta e Izaura)

Julieta Marques - Julieta, os filhos Araídes (casou-se com Armindo Thomaz) e Toninho (Marli Santos), e o marido Ângelo Jacomino.

Izaura Castilho e a neta Ielza Marques - Julieta e Izaura eram filhas do casal Maria e Firmino Luiz Marques. Izaura casou-se com Jonas Paula de Castilho, com quem teve os filhos: João Paula de Castilho (casou-se com Maria Freitas), Julieta (Pedro Norberto Marques), Aparecida (Jonas Pereira de Carvalho), Olegário, Hipólito, Manuela (Edélio Vieira) e Fermina (Vicente de Paula Oliveira).
(foto: Álbum da Família Marques)

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Zé Guilim

Tio Zé Guilim (José Rodrigues de Almeida) saiu de Minas Gerais em meados da década de 1930 e veio morar em General Salgado, na Fazenda do irmão Álvaro, meu avô paterno. Era um sujeito sério, quase não ria. Duro na criação dos filhos, no relacionamento com os empregados. Tinha pavor de modernidades, o que talvez tenha herdado do pai, Miguel Rodrigues.

Quando surgiram os primeiros automóveis na região, os vizinhos e conhecidos motorizados paravam na estrada tentando dar carona ao bisavô Miguel. Ele não só recusava como ainda destratava o amigo, dizendo que preferia andar a pé:

- Pode tocar adiante o seu catingudo!

Catingudo porque os primeiros automóveis exalavam forte cheiro de combustível. E a recusa se dava ainda que marchar a pé da cidade até o Lajeado demandasse umas cinco horas.

Parece que as máquinas e aparelhos surgidos no início do século vinte assustavam os mais antigos. Tive outro tio-avô, o Chico Molhado, que quando avistou a primeira televisão ficou estupefato, pasmado. Depois de assuntar por algum tempo aquela caixinha estranha e luminosa, mostrando a imagem escura e quase apagada de um homem conversando sozinho, perguntou aos sobrinhos:

- Esse homem aí tá me vendo?

Diante da resposta negativa continuou na dúvida:

- Então porque é que ele tá apontando o dedo pra mim e falando "ei você aí"!?

Já o vovô Braz Firmino procurou instruir-se melhor e compreendeu muito bem como funcionava o estranho aparelhinho, por isso, quando via as mulheres da família acompanhando com sofrimento e dor os capítulos chorosos das novelas, estranhava muito:

- Não sei pra quê esse desespero, isso aí é tudo mentira! É tudo combinação, não tá acontecendo de verdade não! Onde já se viu vocês chorando por causa dessa mentirada!

Tia Ordália, solteirona, casou-se com o viúvo Chico Molhado aos 45 anos de idade. Anos depois perguntaram a ela sobre o casamento, se não se arrependera de não ter se casado antes. Ela confessou:

- Eu me casei muito nova, desperdicei minha mocidade!

Com essa declaração eu acho que ela assustou toda a família. Talvez venha daí o hábito familiar de casamentos tardios...

Tio Zé Guilim tinha pavor de máquina fotográfica. Nunca ninguém tinha conseguido retratá-lo. Ao ver alguém empunhando ou apontando a maquininha para o seu lado ele virava o rosto e avisava sério:

- Não me aponte essa tal de codaca seu indivíduo, tografia não meu caro!

Certa vez em Itapagipe (MG), durante a festa de casamento do primo Arlindo, filho dele, consegui tirar-lhe o retrato depois de muito malabarismo, colocando alguém para distraí-lo e me escondendo por detrás de outras pessoas.

Durante algum tempo morou em Santa Fé do Sul onde emprestou dinheiro a terceiros. Depois que voltou a morar em Salgado, de vez em quando montava num ônibus e ia até Santa Fé receber os dividendos. A cada vez que retornava trazia debaixo do braço um novo par de botinas.

Antigamente os calçados não vinham em caixas. O sujeito comprava um par de botinas, amarrava uma de encontro à outra e pronto. Pois um dos sobrinhos estranhou que todo mês o tio Zé Guilim aparecia com botinas novas e o inquiriu:

- Ô Tio, porque é que todo mês o senhor compra botinas novas?

Foi aí que ele explicou:

- É pra enganar ladrão, meu caro! Eu recebo um pacote de dinheiro e não sou louco de vim com aquela dinheirama no bolso. Enfio tudo dentro das botinas. Você acha que alguém vai desconfiar que dentro de um par de botinas tenha um monte de dinheiro?

Na fazenda ele guardava o dinheiro dentro de uma lata de banha escondida debaixo da cama.

Naquele tempo os meios de transporte eram poucos e o acesso aos locais muito mais difícil. Era comum que as visitas permanecessem por vários dias na casa do anfitrião. Certo dia recebeu a visita de uma conhecida meio aparentada, que veio apresentar o marido.

A mulher tratava o esposo por "Bem". Para todo canto que andou, ciceroneada pelo Zé Guilim, a mulher só se dirigia ao esposo dessa forma. Era Bem pra lá, Bem pra cá.

No final da tarde ele resolveu convidar o moço para ir até a sede da fazenda, tomar um café e prosear com os demais. Chamou-o pelo que acreditava ser o seu prenome:

- Ô seu Bem, vamos até a casa do Álvaro um pouco...

Memória 17 (João Firmino e Pedro Norberto)

João Firmino Marques - Filho de Maria Cândida e Firmino Luiz Marques, nasceu em 1911. Casou-se com Araydes Seixas (Lica), com quem teve três filhos: Marivani (casou-se com José Rubens Secamilo), Marilene (José Carlos Souza Godoy) e Alcir (Maria Ester Fava). A foto é do início da década de 1970.
Pedro Norberto Marques - Filho do casal Narciza e Norberto Luiz Marques, casou-se com a prima Julieta Castilho Marques, filha de Izaura Marques e Jonas Paula de Castilho. O casal teve cinco filhos: Omerina (casou-se com Clarides Nunes), Homero (Anizete Jamariqueli), Vera Lúcia (José Lopes de Oliveira), Reginaldo (Devaldete Mariano) e Ielza (Jair Boriola). A foto é da década de 1960.
(Fotos: Álbum da Família Marques)