quinta-feira, 22 de julho de 2010

Memória 91 (Festa do Peão - Anos 80)

Festa do Peão (Anos 80) - Celso Trovão, Eduardo Inocêncio e Marcelo Cruzeiro, três bandoleiros salgadenses judiando do pobre burrinho do Foto Mexicano numa festa do peão nos anos 80.
(foto: Álbum de Marcelo Cruzeiro)

Gappa no bingo

Em meados dos anos 90, como prêmio à conquista de um campeonato regional de futebol amador, o dirigente João Venâncio - o famoso João Gordo - levou os atletas salgadenses para curtirem uma semana na praia.

Um ônibus lotado ancorou na praia de Pitangueiras e os boleiros se esparramaram pelas areias do Guarujá. Gappa e Instalação (Wilians de Castro e Marcelo Pereira, figurinhas repetidas aqui da nossa prosa) fizeram uma aposta: os dois teriam que sair do Morro do Maluf e ir até a praia de Astúrias (aproximadamente dois quilômetros de orla) parando em todas as barraquinhas. Em cada uma delas teriam que dividir uma cerveja e uma caipirinha. Quem arriasse primeiro perderia a aposta e teria que pagar um prêmio ao outro.

Saíram de manhã marchando pelas areias e um grupo seguiu a dupla para conferir o cumprimento do acordo. Horas depois, mais de metade do caminho percorrido, os dois trançavam as pernas mas não entregavam a rapadura. Prosseguiram até o fim e sacramentaram um empate técnico. Combinaram de deixar o desempate para outro dia.

De volta ao alojamento improvisado numa escola atacaram uma imensa panela de vaca atolada. Decidiram descansar um pouco antes de voltar à praia. Minutos depois de se deitar num colchonete, Instalação não consegiu se levantar a tempo de alcançar o banheiro. Uma mistura de caipirinha, cerveja, costela e mandioca cobriu colchões, lençóis e travesseiros da turma. O coitado do Tião Pelé teve que jogar o colchão fora e dormir o resto da semana por cima de uns panos...

No dia seguinte o Gradella convidou a turma para ir a um bingo, mas todos queriam conferir um pagode que aconteceria nas proximidades. Gradella se arrumou e saiu sozinho. Pouco tempo depois voltou rindo e exibindo ao grupo um pacote de notas. Com poucas rodadas havia embolsado um prêmio de mil reais. Ao verem o maço de dinheiro os demais se animaram e decidiram também tentar a sorte no bingo.

Minutos depois todos estavam instalados no local pedindo cartelas. O problema é que a maioria estava acostumada com o bingo da quermesse anual na Praça da Matriz de General Salgado, onde os locutores sempre cantavam as pedras com enorme paciência. Desde a época de Melentino Cardoso, Norival Cabrera, Fominha, e outros cantadores, cada número era anunciado de quatro a cinco vezes, e se algum atrasadinho reclamasse, conseguia que todos fossem mais uma vez conferidos.

No bingo guarujaense tudo era diferente, as pedras saíam em abalada carreira, não havia repetição e o apostador tinha que manter um olho na cartela e outro numa imensa tela onde a imagem das bolas sorteadas era projetada. Isso sem falar que todos estavam de cara cheia, mal compreendendo o que se passava ao redor. Depois de mais ou menos uma dúzia de bolas sorteadas o Gappa levantou as mãos e deu um grito.

Paralisou-se o sorteio, todas as atenções se voltaram para os salgadenses, uma gentil atendente se aproximou, colocou sobre a mesa um troféu indicador de prêmio, sorriu para o Gappa e perguntou:

- O senhor bingou?

- Que nada! Manda cantar tudo de novo que até agora não consegui marcar nenhuma...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Memória 90 (Festa do Peão 1985)

Festa do Peão (1985) - Danny Sirotto, Patrícia Desidério, Cláudia do Val, Carlos José e Roberta Sirotto. Essa é dos tempos em que a Festa do Peão de Boiadeiro de General Salgado ainda era realizada no Campo da Creche. A inauguração do Recinto da Associação de Tradições Rurais, onde o evento acontece até hoje, aconteceu em 1986.
(foto: Álbum do blogueiro)

Água de Bacia

Por conta de uns compromissos que se foram enredando, a nossa prosa ficou parada por quase um mês. Parada como água de bacia, diria o caipira. Mas já vamos retomar o trilheiro.

Aproveitamos o ensejo para dar uma renovada no visual do blog, espero que os amigos visitantes aprovem as modificações.

Estive em General Salgado na semana passada revendo parentes e amigos e, como sempre acontece nessas oportunidades, surgem causos que merecem ser lembrados aqui. Dessa vez, o Pedrinho Giamatei me lembrou uma dos tempos em que jogava futebol no esquadrão Salgadense. Ele e o Edmar Prado tinham uma jogada ensaiada que fazia muito sucesso.

Um jogava de centroavante e outro de ponta-direita. Assim que o juiz sinalizava o início da partida, o ponteiro disparava à frente e o centroavante lançava a bola para ele, pegando a defesa toda desprevenida. A jogada sempre dava certo e, por algumas vezes, chegaram a marcar o gol com menos de 30 segundos de bola rolando.

Aconteceu, porém, que o time foi jogar em Buritama e, antes de iniciar o jogo o árbitro avisou ao centroavante e ao meia-direita do time salgadense que observaria um minuto de silêncio em virtude do falecimento de uma pessoa querida na cidade. Enquanto isso o ponteiro salgadense se preparava para partir em direção ao gol, esperando o lançamento e imaginando o sucesso da jogada ensaiada. Como sempre acontece nesses momentos que antecedem o início da peleja, o atleta salgadense se aquecia em movimentos clássicos de alongamento, pequenas corridas, saltos e pedaladas. Concentrado no aquecimento muscular, não ouviu o aviso sobre a homenagem póstuma que seria observada.

O juiz apítou para dar início à contagem do minuto de silêncio, todos se postaram em atitude de respeito e se espantaram quando o ponta salgadense disparou em direção à grande área do time adversário, esperando o lançamento da bola.

O juiz olhou, incrédulo, para os atacantes salgadenses que permaneciam no centro do gramado:

- Esse ponta-direita de vocês é louco ou o quê?

Dizem que o fato é verdadeiro. Só que Edmar e Pedrinho até hoje discutem e não conseguem explicar quem era o centroavante e quem era o ponta-direita do time naquela partida.