sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Atualidades

Cal e Maite

Samanta, Luísa, Maite, Bisa Alivina e Bisa Arandira Marques.

Aguardamos desde o início de dezembro, em General Salgado, a chegada da Maite. A mais nova integrante da família chegou ontem (18/12), pesando 2,650 kg, medindo 44,5 cm. Muito linda e saudável, graças a Deus.
Vamos aproveitar e curtir as férias aqui na terrinha.
Por este motivo, o Proseando vai economizar nas postagens.
No final de janeiro/2009 retomaremos as histórias e os personagens salgadenses.
Quem quiser aproveitar o ensejo, pode mandar suas fotos e histórias. Sendo o caso, como estou aqui em Salgado, posso buscar as fotos, escanear e devolver no mesmo dia.
Feliz Natal a todos.
Um 2009 pra lá de bom. Bom demais da conta!
Carlos José e família

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Memória 64 (Salgadenses no Guarujá)


Salgadenses no Guarujá (SP) - Anos 1980 - (não reconhecido), Sonia Martinez, Marcos Gasques, Marcos Ulian, (não identificado), Marcelo Cruzeiro e Dinoel Marques.
Agachados: Raul Alves, Ana Ferraz Liebana, Neide da Silva, Filó Iannela, Vera Iannela e Gilberto Graça.
(foto: Álbum de Marcelo Cruzeiro)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Memória 63 (Braz Norberto Marques)

Braz Norberto Marques e família (anos 1950) -
Aliberto (casou-se com Eugênia do Amaral), Braz Norberto e Alcebíades (casou-se com Amália Franco).
Fila da frente: Aparecida (casou-se com José Anastácio Pereira), Albina (João Bonifácio de Souza), Maria das Graças (Ildo Guimarães), Araci (Alceu de Oliveira), Altina (Vando Magno) e Ovídia (esposa de Braz Norberto).
Braz é filho do pioneiro Norberto Luiz Marques, que chegou à região em 1906.
(foto: Álbum de Helício Marques)

Cinquenta e um anos de paixão tricolor

São Paulo F.C. - Campeão Paulista de 1957
De Sordi, Poy, Sarará, Riberto, Vítor e Mauro Ramos.
Maurinho, Amauri, Gino Orlando, Zizinho e Canhoteiro.

Quando as primeiras luzes matinais do dia 29 de dezembro de 1957 clarearam o horizonte, encontraram os peões da Fazenda São Sebastião, no Córrego do Lajeado, envolvidos com a labuta diária.

Como todos os dias, mesmo naqueles em que freqüentavam algum baile na região, para onde iam montados em seus cavalos, às 4:00 horas da manhã os retireiros tinham que dar início à ordenha das vacas leiteiras .

Na verdade o fazendeiro Álvaro Rodrigues de Almeida não tinha empregados. Todo o serviço era tocado pelos filhos e alguns sobrinhos.

Naquela manhã de domingo havia um motivo especial para que a tarde logo chegasse. Azenclever Rodrigues de Almeida, o Creve, demonstrava certo entusiasmo ao comentar com os irmãos Domingos e Agostinho sobre uma novidade que vinha experimentando há algum tempo: as transmissões de futebol pelo rádio.

O rádio era uma das poucas diversões dos rapazes daquela época. Mesmo assim, tinham que ouvir longe do pai, que além de não gostar de modernidades, exigia atitudes cordatas e moderadas dos filhos. Coibia manifestações desmedidas, risadas e gracejos, qualquer tipo de brincadeira mais ladina. Os meninos podiam ouvir rádio, mas em baixo volume, sem gritarias e outros arroubos.

Durante alguns anos seu Álvaro comprou casa em General Salgado e os manteve lá para que freqüentassem o Grupo Escolar. Naquele dezembro de 1957 haviam retornado definitivamente à fazenda, assumindo a direção dos trabalhos. Domingos tinha 18, Agostinho 19 e Creve um pouco mais de 20 anos de idade. Os irmãos mais velhos estavam casados, haviam tomado outros rumos.

Os três irmãos jogavam futebol pelos times dos bairros da região (Nova Palmira, Fazenda Zoccal, Nova Castilho, Major Prado), eram até bem requisitados. Apesar de terem acompanhado a transmissão de alguns jogos do campeonato, ainda não tinham um time de predileção. Às 16:00 horas daquele domingo os irmãos Almeida grudaram os ouvidos no rádio para acompanhar a decisão do Campeonato Paulista de 1957 entre dois times de tradição: Corinthians e São Paulo. O desfecho deste acontecimento refletiria na história de seus descendentes.

Os times adentraram o Estádio do Pacaembu, na capital paulista, diante de um público de 39.670 pagantes. Empate ou vitória do Corinthians provocaria um triangular com o Santos para decidir o campeonato. Vitória do São Paulo lhe asseguraria o título.

O Corinthians entrou em campo com: Gilmar, Olavo e Oreco; Idário, Walmir e Benedito; Cláudio, Luisinho, Índio, Rafael e Zague. O técnico era Osvaldo Brandão.

O São Paulo começou o jogo com: Poy, De Sordi e Mauro; Sarará, Vítor e Riberto; Maurinho, Amauri, Gino Orlando, Zizinho e Canhoteiro. O técnico era o húngaro Bella Guttman, que havia feito fama na Europa alguns anos antes dirigindo o Honved, time-base da grande seleção húngara que encantou o mundo na Copa de 1954.

Naquele campeonato os ânimos andavam exaltados entre corintianos e tricolores. No jogo do primeiro turno Gino e Luizinho se desentenderam depois que o corintiano Alfredo fraturou a perna numa dividida com o ponta Maurinho.

O goleiro Gilmar dos Santos Neves e o habilidoso meia-esquerda Luizinho eram as estrelas do alvinegro. Do lado tricolor havia o endiabrado Canhoteiro, ponteiro driblador considerado o Garrincha do lado esquerdo. Mas a grande estrela do time era Zizinho, que com 36 anos de idade havia sido recebido no Morumbi com certa desconfiança. Naquela época, aos 30 anos de idade o jogador de futebol era tido como ultrapassado. No entanto, Zizinho era tão respeitado que o chamavam de Mestre Ziza.

Seu nome era Thomaz Soares da Silva, tinha jogado ao lado de Leônidas da Silva e Domingos da Guia no Flamengo dos anos 1940. Brilhou também na Seleção Brasileira, encantando o mundo na Copa de 1950. A imprensa esportiva internacional o tratava como gênio. Em 1957, dirigentes tricolores o convenceram a deixar o Rio de Janeiro e disputar algumas partidas pelo tricolor paulista. Caiu como uma luva no time desde a estréia, ocorrida no dia 10 de novembro de 1957.

O São Paulo vinha mal no campeonato. Com Zizinho em campo o time reagiu, venceu oito partidas e empatou duas. A vitória mais impressionante aconteceu na Vila Belmiro, contra o fortíssimo Santos do Rei Pelé: uma sova de 6 x 2. Com a reação a torcida voltou a acreditar no time. Para alcançar o título bastava uma vitória sobre o Corinthians na última rodada.

O juiz Alberto da Gama Malcher apitou o início do jogo e logo aos 5 minutos aconteceu o primeiro entrevero, uma dividida dura entre Gino e Luizinho. Aos 17 minutos Amauri recebeu passe de Gino Orlando, avançou pela extrema esquerda e fuzilou contra o goleiro Gilmar, abrindo a contagem para o São Paulo.

O Corinthians sentiu o golpe e partiu para cima. Dois minutos depois Amauri fez um passe a Canhoteiro, que da ponta esquerda chutou forte e rasteiro no canto direito: 2x0. O Corinthians não se deu por vencido e partiu novamente para o ataque, conseguindo diminuir dois minutos depois, com Rafael. Três gols em seis minutos!

No segundo tempo o São Paulo tentou administrar a vantagem, mas o Corinthians partiu para o abafa, a bola não saía da área tricolor. A defesa se defendia dando chutões para frente.

Um destes chutões, aos 34 minutos do segundo tempo, caiu nos pés de Zizinho, que engatou um passe rápido para Gino e este de primeira lançou Maurinho pela ponta direita. O ponteiro tricolor ganhou na corrida de Olavo, parou na frente do goleiro Gilmar e chutou para o fundo das redes: 3x1.

Na comemoração Maurinho olhou para Gilmar e apontou a bola no fundo das redes. Os jogadores do Corinthians se indignaram com a cena e deram início a uma grande confusão. Gilmar saiu correndo atrás de Maurinho, a torcida se irritou e começou a jogar paus, pedras e garrafas contra o bandeirinha.

A briga se generalizou no campo e nas arquibancadas. Depois de acalmados os ânimos o jogo teve reinício, mas demorou apenas alguns minutos para que o árbitro decretasse seu encerramento: o São Paulo Futebol Clube era o Campeão Paulista de 1957.

Findo o jogo, embevecidos pelos elogios da crônica esportiva ao futebol do campeão e contrariados com a reação intolerante dos corintianos, que partiram para a ignorância após o terceiro gol, os irmãos Creve, Agostinho e Domingos Rodrigues de Almeida decidiram adotar o São Paulo como time do coração. Mais do que isso, conseguiram transmitir para seus descendentes a paixão pelo tricolor paulista.

Essa paixão dos irmãos pelo tricolor superou, inclusive, um longo jejum. Depois daquele título paulista de 1957 o time deu início à construção do Morumbi. Outro título só viria em 1970.

Os torcedores interioranos, por viverem longe da capital, têm poucas oportunidades de assistir jogos de seus times. Seu Domingos - meu pai - só foi ver pessoalmente um jogo do tricolor paulista no dia 11 de outubro de 1981, numa manhã de domingo em São José do Rio Preto, na qual a máquina tricolor (com Waldir Peres, Oscar, Renato e Mário Sérgio), penou para vencer o América por 1x0.

No dia 19 de maio de 1993, no meio de 94.629 pessoas presentes ao Estádio do Morumbi, vivi uma das maiores emoções da minha vida ao assistir a primeira partida da decisão da Copa Libertadores da América daquele ano. Ao meu lado estavam meu irmão Cleber e meu primo Azenclever Junior. O São Paulo enfiou 5 x 1 no time da Universidad Católica do Chile e assegurou o bi-campeonato.

A vibração da torcida fazendo todo o estádio tremer ao celebrar a conquista levou todos à emoção máxima, foi impossível reter as lágrimas. Mais de noventa e quatro mil torcedores demonstravam o orgulho decorrente do vistoso futebol apresentado por aquele timaço comandado por Mestre Telê Santana.

A mim me tocava ainda, o fato de toda aquela emoção só ter se tornado possível em virtude do que aconteceu com papai naquele distante dezembro de 1957 na Fazenda São Sebastião, em General Salgado, dia no qual ele aprendeu a ser são-paulino.

Em fevereiro de 2007 fomos outra vez a São José do Rio Preto ver o time vencer o América. Na saída do estádio o vi comprando uma pequena camisa tricolor. Fiquei curioso:

- Essa é para a Luísa - disse ele, dando início à transmissão de sua paixão tricolor para a primeira neta.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Memória 62 (Anos 1980)


Anos 1980 - Marcelo Cruzeiro, Maria Sirotto, Roberto Ráo, Valéria Matos e Sivone Constantino.
Agachados: Alexandre Ráo, Laurico de Almeida (Nêra) e Rosângela Matos.
(foto: Álbum de Marcelo Cruzeiro)

O Milagre da Santa

Com outros salgadenses esparramados pelo mundo, participo de um grupo de mensagens pela internet. O grupo tem altos e baixos, durante alguns períodos específicos as mensagens se amontoam. Noutras épocas, atravessa longa calmaria.

Como é heterogêneo e composto por pessoas de diferentes idades, idéias e profissões, a conversa sempre vai de um a outro extremo. Além daquela troca de piadas, mensagens de auto-ajuda e gozações que atolam a grande rede, debate-se um pouco de tudo: política, economia, futebol, lazer, besteirol, etc.

Certa vez Bruno Marques dizia que estava impedido de praticar seu futebol por conta de uma grave contusão. Pediu a Juliana Yoshimoto, que é médica, casada com o salgadense Mateus Neves, uma receita para curar sua contusão. Dias depois recebemos notícia do sucesso da cura atribuindo o milagre à competência da doutora Juliana, uma verdadeira santa. Bruno chegou a chamá-la de Santa Japa, propalando o milagre e pedindo a todos os demais que passassem a venerar a milagreira.

Eu, que sofria há mais de um ano com um tornozelo torcido que, de vez em quando me botava de escanteio, não perdi a oportunidade e mandei ver numa Prece à Santa Japa, querendo também o meu milagrezinho. Na mesma hora mandei um pedido para a veneranda improvisando – em versos pobres - uma oração:

“Santa Japa que estais em Sampa
Recomendado me foi o teu nome,
Venham a mim os vossos cuidados
Assim como foram para meu amigo Bruno.

O futebol nosso de toda terça me dói hoje
E não é por causa das botinadas.
É uma dor no tornozelo direito,
Assim que acaba o jogo, vem em pontadas.

E ainda que eu antes faça alongamento,
Ainda que eu envolva o pé com atadura,
Depois do jogo é o mesmo sofrimento,
Não há pomada que dê jeito ou traga cura.

Tudo bem que seja um tornozelo antigo,
Corre atrás de bola há mais de trinta.
Mas cá pra nós, acredito que ainda consigo
Fazer uns golos ou tentar aquela finta.

Há um ano ou mais sofri uma torção
Daquelas que provocam grande inchaço,
Foram seis meses de recuperação
E depois que voltei até que deu pro gasto.

Tratei-o com medicina e fisioterapia,
Tirei o gelo do uísque e pus no pé.
A dor lancinante se foi, dia após dia,
E eu voltei a jogar, sabe como é!

Mas há uns trinta dias, aproximadamente,
Voltou a doer e nada dá melhora.
Santa Japa, socorro, ainda que eletronicamente,
Por favor, me ajude nessa dolorosa hora.

Se o socorro vier e for do seu agrado,
Prometo, assim que eu novamente a veja
Exibir-lhe o tornozelo completamente curado,
E ainda por cima, pagar uma cerveja”.

(se você padece do mesmo mal, envie essa oração três vezes por e-mail para o endereço santajapa.pb@sampa.com.br durante três dias e aguarde o resultado!)

Sei dizer que a brincadeira causou um reboliço e todo mundo disse que riu muito, principalmente a homenageada. Vejam vocês como uma brincadeirinha de nada serve às vezes para animar a turma.

Breno estava nos Estados Unidos e de lá contou a sua reação: “sempre leio meus e-mails na Biblioteca de Stanford, acontece que agora, neste exato momento tem um cara que não para de olhar para mim, pois ele pensa que eu sou louco. A menina que está no micro do lado até passou a rir de mim. É que eu acabo de ler a prece para a Santa Japa”.

Renata disse que a prece “foi de matar, excelente!”. Bruno classificou de “simplesmente impagável”. Filó Iannela não perdeu a oportunidade de pedir socorro: “Cal, acho que você e o Bruno estão lançando uma nova santa, essa é demais... Santa Japa, help! Cuida de mim também”.

Finalmente recebi a resposta da santa Juliana, que na época estava de malas prontas para a Espanha: “... eu tô passando mal de tanto rir...”.

É lógico que junto com a resposta a bondosa santa me mandou também a receita para o tratamento do pé. E eu acabei duplamente recompensado, ganhei um remédio da santa e um monte de afagos dos meus carinhosos amigos.

Aos boleiros encostados no departamento médico, aviso que podem buscar o socorro da nossa santa. Atualmente ela vive em Portugal (com Mateus e a filha Valentina), mas mantém plantão na internet, para o alívio dos nossos sofrimentos!