segunda-feira, 31 de março de 2008

Saudades da Professorinha

Fiz o curso primário (assim eram conhecidas as quatro primeiras séries escolares) em Nova Castilho. Dirigia a escola o Professor Paulo Ricoy de Camargo, um nome que a meu ver, deve ser eternizado na história da cidade. Soube que atualmente a escola é dirigida pela filha dele, Célia Marta.

Nos dois primeiros anos minha professora se chamava Marlene, não guardei o sobrenome, sei que morava numa cidade vizinha, acho que em Monte Aprazível. Durante outros dois anos fui aluno de dona Sofia Garcia, esta sim salgadense, esposa de Naé Prado.

Na pequena escola de Nova Castilho tive companheiros de sala cujas amizades ainda guardo com carinho: Chiquinho, Eduardo Nascimento, Cássia Marques, Ângela Cavenage, Kiko Righi, Claudinei dos Anjos, Tigrinho, os gêmeos José e Manoel Garcia, Miguelzinho Feitosa (que há tempos subiu ao andar de cima, vitimado no mesmo acidente que levou Isabel Honorato).

Outros desapareceram e nunca mais tive notícias, são nomes que ao lado de trêmulas fisionomias ficaram na memória: Nelson Gasolina, João Batista, Aparecido, Quinalha, Adevair, Lurdinha, Carlos De Grande, Shodi, Cidinho, Quinha Siqueira.

O inspetor de alunos era José Garcia Junior, o Zé Martelo, que tempos depois faleceu num acidente estranho. Montado a cavalo conduzia algumas cabeças de gado pela estrada municipal, quando, nas proximidades da ponte do Ribeirão Açoita Cavalos, no Bairro do Gabriel, foi atropelado com cavalo e tudo por um ônibus.

Para que eu ingressasse na 5ª Série do então chamado primeiro grau, nos mudamos para General Salgado. Fui matriculado na EEPG Ângelo Scarin, que funcionava no prédio que hoje abriga a Escola Azilio Antonio do Prado, próximo ao Fórum.

Merece destaque o fato de a cidade ter duas escolas agraciadas com os nomes de seus antigos zeladores. São fatos significativos, homenagens mais do que justas.

Fiquei surpreso com o grande número de professores. Estava acostumado a um único docente o ano todo e ali passei a ter mais de meia dúzia: Maria Izaltina Castilho, Nely Cera, Marlene Barnabé, Maria Rosa, Leny Caseli, Adilson Dib, Lúcia Helena Castilho, Adelino Longui, Célia Possetti Marzocchi, Degene May, Luzia Rodrigues, Beto Scarin, são alguns que me vêm à memória. A inspetoria de alunos cabia ao Zé Frota.

Cursando as quatro últimas séries do 1º grau no Ângelo Scarin, firmei algumas das mais profundas amizades que conservo na cidade: Zé Antonio Fernandes, Mané Bernabé, Vilmar Prado, Leandro dos Santos, Regina Cervantes, Suzana Marques, Vânia Mendonça, Mineirinho.

Outros companheiros daquelas salas – alguns nunca mais deram notícias, outros ainda na cidade - são lembrados com carinho: Cláudia Gossn, Gislaine Bazela, Célia Desidério, Marli Graça, Roberto Tabareli, Pepê, Rosângela Desidério, Ariene Silva, Olga Franzin, Zé Luiz Fantini, Newton Leandro, Carlos Galhardo, Ivan de Moraes, Carlinhos Rodrigues, Ivone Vieira, Dedeca Longo, Elena e Zé Carlos Zocal, Sueli Castilho, Jecir Cardoso, Ilídio Martins, João Santana (este último, anos depois Prefeito de S. J. Iracema).

Não posso deixar de registrar que havia no Ângelo Scarin uma patotinha feminina que atraia a atenção de todo mundo por conta da beleza e simpatia das moças. Dentre elas: Eliane Sirotto, Cássia Veschi, Ariene Silva, Valéria Poloni, Dina e Dirce Gossn, Silvia Tabareli e Marli Tavares.

As três séries do segundo grau cursei no Colégio Tonico Barão, onde concluí a preparação para alcançar a Faculdade. Dirigida pelos Professores Erotides de Paulo e Kimiko Okuda, a escola mantinha outras atividades de muito interesse, como a fanfarra, grupos de teatro, coral, campeonatos esportivos internos e intermunicipais.

Com muita honra recebi ensinamentos de Maria Antônia Castilho, Ivete Fiorussi, Yassushi Yano, Procópio Prata, Bugio (depois Prefeito de Floreal), Isabel Negreiros Souza, José Barnabé, Téia (que também já nos deixou), Dioracy, Ercílio, Bellini, Léia, Marilei e muitos outros.

Antonio Carlos e Marli Crivelari cuidavam da secretaria, a inspeção dos alunos cabia a Dílson Santana e Darcisa Tomaz de Aquino, mas a dedicação do seu Cido Prado como zelador do colégio não pode deixar de ser lembrada.

Algumas experiências me marcaram positivamente. A primeira foi ocupar a presidência do Centro Cívico, eleito em escrutínio direto. Meu amigo Leandro dos Santos ocupava a vice-presidência, e os demais membros da diretoria eram: Ariene Silva, Giane Rodrigues, Zé Antonio Fernandes, Mauro Bertochi, Elena Zoccal, Adriana Ribeiro, Zete Fernandes e Dulcimar Cunha.

Dentre os eventos que promovemos alguns marcaram pelo ineditismo, como um Festival do Sorvete, em abril de 1982, com a distribuição de 400 litros de sorvetes Kibon e sorteio de prêmios para os participantes.

No mesmo ano lançamos um jornalzinho interno, o Folhetim Estudantil, coordenado pela Professora Ivete Fiorussi e dirigido por mim com o auxílio dos amigos Mauro Bertochi, Elena Zoccal, Cláudia Afonso e Sônia Veschi.

O folhetim tornou-se um grande sucesso na escola, pois além de notícias e debates de assuntos curriculares, trazia poesia, literatura, aniversários, fofocas e muito humor. Sob minha direção aconteceram nove edições, todas ainda guardadas com muito zelo.

Em agosto de 1982 a Associação de Pais e Mestres da escola, presidida pelo Professor Yano e auxiliada por uma comissão de pais de alunos, promoveu no Campo da Creche a 8ª Festa do Peão de Boiadeiro. O Centro Cívico foi responsável pela principal barraca do evento e como grande novidade servimos chopp, bebida até então inexistente nos bares e lanchonetes da região.

Os campeonatos interclasses de futebol de salão também eram um grande evento da escola, atraindo populares que lotavam as arquibancadas da quadra esportiva. As finais quase sempre eram disputadas entre os turnos da manhã e da noite.

Uma das mais acirradas envolveu a 3ª Série Matutina: Pedrinho Arruda, Vagner Longhini, Zezé Toledo, Pelé e Valdir Cardoso; contra a 3ª Noturna: Leandro dos Santos, Carlos José, Zé Antonio Fernandes, Mineirinho e Vilmar Prado.

O embate ficou na história como um dos mais disputados. Lembro-me que marquei o primeiro gol do jogo, logo nos primeiros minutos. O time deles era muito bom, Zezé Toledo era um craque, sabia tudo de bola. Pelé era um mulato forte, também de Nova Castilho, habilidoso, driblador. Vagner Longhini tinha um petardo.

Faltando uns dez minutos para o encerramento, vencíamos por 3x2, num jogo apertadíssimo, muito corrido. Mineirinho provocou tanto os juízes que acabou expulso, ficamos com quatro jogadores para segurar a reação dos matutinos, sob o maior sufoco.

A torcida – bastante dividida – empurrava os dois times, até que, faltando uns dois minutos para o término roubamos uma bola e conseguimos marcar o quarto gol, matando o jogo e arrebatando a taça. Pura emoção.

Aliás, preciso contar aqui que quem fez o gol decisivo foi o Vilmar Prado, senão ele briga comigo! Aquele baixinho adora ser reconhecido como artilheiro matador! Façamos justiça então.

Naquele tempo, num dos campeonatos de férias do Salgadense Esporte Clube, dirigi um time de alunos para representar a escola, na categoria mirim. O time se chamava Tubarão e sagrou-se campeão. Tenho guardada a relação dos – então pequenos – atletas: Altino Fornazari, Dilo Xavier, Eduardo Spadácio, Roberval Cunha, Adevair Lopes, Luiz Antonio, Tadeu Alves e Tacilinho Ferraz.

Nestes tempos em que o ensino público anda tão desprestigiado e que, em contrapartida, as escolas particulares afloram e passaram a ser sinônimo de boa preparação para o futuro, pensar que fui educado em escolas públicas e que consegui passar em vigésimo lugar no único vestibular que prestei, sem qualquer outro tipo de curso preparatório – o que também aconteceu com muitos outros salgadenses - é para mim tão gratificante quanto agora e sempre dizer a todos os mestres: muito obrigado!

No Colégio Tonico Barão o grande Professor Yano sempre foi tido como o mais sério, severo, exigente e formalista de todos. Coitado do aluno que não trouxesse em dia o caderno, não passasse a limpo os pontos ou não mantivesse em ordem capa, fitinha, bolão, estrelinha... Tinha mania de chegar de repente na sala e dar uma ordem: “tirem uma folha, vamos fazer uma provinha...”. Pegava todo mundo de surpresa, era um sufoco.

Mas no fundo, seu Yano sempre foi um gozador de mão cheia, não perdia oportunidade de pregar peças em colegas e alunos. Presidente da APM com sisudez no controle de gastos, convenceu-se de que deveria comprar novos jogos de xícaras para o café dos professores, sem dizer nada a ninguém. Quando se preparava para dar fim nas xícaras velhas e abrir o pacote das novas, foi procurado pelo professor Procópio Prata:

- Yano! Preciso falar com você!

Com aquela cara séria que o caracteriza o professor Yano virou-se para o colega, foi pegando as xícaras velhas e atirando no lixo com força. Os cacos foram se amontoando e ele – ainda destruindo pires e xícaras – inquiriu o colega:

- O que é que você quer?

Procópio, sem entender nada, nem argumentou, entrou na secretaria e pediu socorro:

- Gente o Yano ficou maluco, tá destruindo tudo lá na Sala dos Professores!

Foi uma semana de gozação, seu Yano repetia a história, se lembrava da palidez do assustado Procópio e a cada narrativa ria mais ainda.

Acho que a vítima da troça ficou vários dias descansando lá em Magda antes de aparecer de novo na sala dos professores.

Um comentário:

Anônimo disse...

Poxa! EStudei na Tonico Barão...fui aluna do Yano...tenho boas e muitas saudades dos professores...e nunca esqueci da professorinha Nely Cera e Celia Possetti Marzocchi. A Nely me inspirou muito nas suas aulas...que saudades de todos...
adorei! ler!
Abraços,
Marlene