segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Coronel Salgado

Coronel Julio Marcondes Salgado Filho

Curioso a respeito do militar que deu nome à cidade, decidi pesquisar um pouco sobre o personagem. Descobri que quando faleceu sua patente era de Coronel e não de General. Interessante não? Se não fosse a merecida promoção póstuma, a cidade se chamaria Coronel Salgado!

Sua história está intimamente ligada ao povo paulista. A Revolução de 1930 guindou Getúlio Vargas à chefia do Governo Federal Provisório e setores da elite oligárquica de São Paulo, derrotados na revolução, passaram a cobrar as promessas assumidas após a tomada do poder pelos revolucionários. A principal delas: a instalação de uma Assembléia Constituinte. Outras alas da sociedade urbana estadual, defendendo a tradição liberal democrática também se juntaram aos reclamantes.

Ao passo em que protelava o cumprimento das promessas, Getúlio Vargas se deixou cercar e influenciar pelos militares. Por influência desse grupo, que passou a ser conhecido como “Tenentes”, o país assistiu a instalação de tribunais de exceção, prisões arbitrárias e clandestinas, perseguições políticas, além de outros abusos praticados contra aqueles que “contrariavam” os interesses revolucionários. Os tenentes, dizia-se à época, estavam arrastando Getúlio e seu governo para posições nacionalistas e esquerdistas. Davam a entender que pretendiam deixar a redemocratização do país para as calendas gregas, ou seja, para o Dia de São Nunca.

Chegou-se a um ponto em que até mesmo alguns setores revolucionários, antigos aliados de Vargas, começaram a pressionar o ditador para que convocasse a Constituinte. No início de 1932 partidos políticos paulistas formaram a Frente Única Paulista e lançaram nas ruas uma forte campanha pela constitucionalização do país e o fim da intervenção federal nos estados. A repercussão popular foi grande, os atos públicos se multiplicaram e as manifestações tornaram-se fortes e organizadas.

O jornalista Assis Chateaubriand, dono da rede de jornais Diários Associados, farejando o alto teor explosivo do movimento que se formava em reação ao excessivo poder dos tenentes, manifestou sua preocupação ao ditador Vargas, argumentando que a única maneira de evitar um confronto com os paulistas era atender pelo menos uma reivindicação: a de que o interventor federal em São Paulo fosse “civil e paulista”. Ao ouvir tal comentário o ditador reagiu com tranqüilidade:

- Calma Chateaubriand. Vou esperar a cobra paulista botar a cabeça para fora, para poder esmagá-la...

Segundo o escritor e jornalista Fernando Morais, biógrafo de Chateaubriand (“Chatô, o Rei do Brasil”, Editora Companhia das Letras), naquele momento o jornalista acreditava que Vargas se perdia ao incorrer em dois erros graves e que por certo lhe custariam o poder: 1. ignorar os políticos mais experientes (gaúchos e mineiros, principalmente), mantendo sua base de apoio no esquerdismo tenentista; 2. humilhar os paulistas.

No dia 23 de maio de 1932 a polícia de Vargas reprimiu violentamente um comício na Praça da República (SP), matando quatro estudantes: Cláudio Bueno Miragaia (cuja família é de Birigui), Mario Martins de Almeida, Dráusio Marcondes de Souza e Américo Camargo de Andrade. As iniciais de seus nomes – MMDC, de Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo – transformaram-se na sigla que denominaria a partir de então a sociedade secreta paulista que preparava a guerra contra Getúlio Vargas.

O Coronel Julio Marcondes Salgado Filho era o comandante da Força Pública, antiga denominação da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Quando da criação do Comitê Revolucionário, o General Isidoro Dias Lopes foi designado para o Comando Geral; Bertoldo Klinger ficou com a chefia das Forças Revolucionárias. O comando da divisão paulista coube ao Coronel Euclides Figueiredo (que viria a ser pai do Presidente João Figueiredo), a quem o Coronel Salgado, que era tido como um dos mais fervorosos defensores da causa paulista, colocou à disposição todo o seu efetivo.

Dando início ao movimento armado, no dia 9 de julho o Coronel Figueiredo tomou o Quartel General do Exército e, pelo telégrafo, mobilizou todo o Estado, inclusive a população, que não negou seu apoio. Trabalhadores comuns abandonaram suas ocupações habituais para se alistarem como soldados constitucionalistas. Havia um bom contingente, mas faltavam armas.

No dia 10 de julho o comando revolucionário proclamou Pedro de Toledo como Governador do Estado de São Paulo. Ao comparecer à janela do Palácio para receber a saudação dos paulistas, ladeavam o governador os principais líderes do movimento: Isidoro Lopes, Francisco Morato, Pádua Sales e o Coronel Marcondes Salgado.

No decorrer dos combates, grupos políticos mineiros tentaram estabelecer uma participação ativa nos acontecimentos em socorro aos paulistas, mas não lograram êxito. Fugindo da polícia de Vargas, o jornalista Chateaubriand partiu em direção à Zona da Mata mineira a fim de encontrar-se com o ex-presidente Artur Bernardes, que colocara seu grupo político em defesa dos ideais revolucionários. No meio do caminho auxiliares de Bernardes conseguiram encher de armas e munição um dos compartimentos do trem. Mas na estação de São Geraldo, em solo mineiro, o jornalista foi reconhecido e preso pelas forças federais, o que minou a tentativa mineira de aderir ao movimento.

O governo mineiro, por sua vez, adotou uma posição de indefinição política. Uma das colunas revolucionárias, no entanto, avançou sobre Minas e de São Paulo o comandante Marcondes Salgado enviava mensagens à Força Pública Mineira, exortando-a a combater a ditadura, o que ele considerava como condição de vida ou morte para a existência das milícias estaduais, ameaçadas pelo regime discricionário.

A esperada vinda de armas do exterior não aconteceu e a compra de armamento não poderia ser feita legalmente. Nas hostes paulistas a proporção era de uma arma para cada 50 combatentes. Esse conjunto de fatores desfavoráveis levou os paulistas a promover um enorme esforço de guerra, centrado na utilização de indústrias para improvisar armamentos.

O parque manufatureiro paulistano transformou-se, repentinamente, em produtor de armamentos, apesar da ausência de afinidades. Técnicos e Engenheiros da Escola Politécnica começaram a dirigir as metalúrgicas, oficinas mecânicas e fundições, que passaram a produzir cerca de 200 mil tiros por dia, granadas de mão, bombardes, capacetes e lança-chamas.

Porém, a produção de guerra não chegou a atender as necessidades reais das tropas, persistindo até o fim da luta a gritante desigualdade de armas. Num dos testes realizados com o armamento fabricado, o lançamento de bombas, uma delas explodiu dentro do canhão, matando, quase que instantaneamente o comandante Marcondes Salgado. Era o dia 23 de julho de 1932.

O comando da Força Pública passou ao Coronel Herculano Silva, que no dia 27 de setembro resolveu, sem consultar o governo civil, abandonar a luta. As humilhantes condições impostas para a rendição foram aceitas por Herculano, que como “prêmio” recebeu do governo ditatorial a nomeação para o governo militar do estado. Esta atitude de Herculano fixou-se no ideário do Comando Revolucionário como traição.

Apesar da derrota a revolução fez com que o governo ditatorial atendesse aos ideais constitucionalistas. Em agosto de 1933 Vargas nomeou interventor em São Paulo, Armando Sales de Oliveira, “civil e paulista”, como queriam os democráticos. E teve que dar o braço a torcer quando enviou ao novo governante a seguinte mensagem: “Quero que compreenda em toda a sua amplitude o significado de meu ato: com este decreto, entrego o governo de São Paulo aos revolucionários de 1932”.

Os principais historiadores ao analisarem a vexatória retirada de Herculano Silva, a proposta de suspensão do conflito com o estabelecimento de paz em separado, sem consulta ao governo revolucionário, e ainda, a sua nomeação para o governo militar do estado, quase que como uma barganha, consideram que isto não teria acontecido se à frente da Força Pública Paulista ainda estivesse o bravo Coronel Salgado: “que falta fazia o grande paulista Julio Marcondes Salgado Filho à frente da Força Pública de São Paulo”, dizem os estudiosos daquele período histórico.

Podemos dizer, então, que nossa cidade recebeu o nome de um homem honrado e valente, que morreu em defesa de sua gente e de seu ideário.

4 comentários:

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