quinta-feira, 20 de setembro de 2007

A Origem dos Marques Salgadenses

No início do Século XIX o casal de portugueses José Luiz Marques e Prodenciana Antonia de Santa Anna chegou ao Brasil e instalou-se em Bom Jardim de Minas (MG), uma pequena cidade fundada em 1770 na divisa de Minas Gerias com o Rio de Janeiro. Ele se tornou negociante de ouro e fumo.

Localizada numa rica região de mineração, a cidade era rota de passagem do ouro que saia de Minas Gerais em lombos de burros, e era embarcado para a Europa nos portos do Rio de Janeiro.O casal tinha dez filhos: Primo, José Luiz, Manuel, Antonio Luiz, Jeremias, Luiz José, João Luiz, Rita, Maria e uma terceira mulher de nome desconhecido.

Fortalecida economicamente por conta da mineração, Minas Gerais era a província mais populosa do Império. Porém, em meados daquele século o garimpo entrou em declínio e as migrações se aceleraram para o sul, em direção ao Estado de São Paulo, onde começaram a surgir fazendas de policultura (café, cana-de-açúcar, arroz, milho, feijão, algodão e trigo). A região sul de Minas se fortaleceu com a abertura de fazendas de pecuária.

José Luiz e os filhos decidiram deixar Bom Jardim de Minas e comprar terras no sul de Minas Gerais. A cidade escolhida foi Carmo do Rio Claro. A Freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Monte do Rio Claro foi criada em 1810. A fecundidade de suas terras proporcionou o surgimento de prósperas fazendas agrícolas e atraiu grande número de migrantes.

A família de José Luiz e Prodenciana chegou a Carmo do Rio Claro mais ou menos na metade do século XIX, e a história dessa chegada é até hoje lembrada pelos moradores mais antigos da cidade. Todos andavam descalços, montavam cavalos e vestiam trajes simplórios. Percorreram o vilarejo procurando terras para comprar, mas não inspiraram confiança nos carmelitanos. Ficaram conhecidos como “homenzinhos de pés-no-chão”. Só conquistaram o apreço do povo do lugar depois que exibiram o interior de pequenos embornais que cada um deles carregava atado à cabeça do arreio: dinheiro vivo! Assim, compraram e pagaram à vista, 8.000 alqueires de terras.

Primo Luiz Marques, o filho mais velho, casou-se com Maria Delminda de Jesus, conhecida como Mindinha. O casal teve 9 filhos: José Luiz Marques Sobrinho (Zé Mindinha), Sebastião Luiz Marques (Nhô), Firmino Luiz Marques, Altina Maria de Jesus, Alberto Luiz Marques, Maria (Cota), Salviana, Rita Amélia e Cândido. Primo faleceu e a viúva se casou com José Bento, tendo outros 3 filhos: Antonio Bento, Ana (Sinhana) e Antonia.

Maria, conhecida como Mariinha, filha de José Luiz e Prodenciana, se casou com Laurindo Alves Fernandes. O filho do casal: Martiniano Luiz Marques esposou a prima Altina Maria de Jesus, filha de Primo e Mindinha. Martiniano e Altina tiveram 10 filhos: José Cândido Marques, Pedro Martiniano Marques, Antonio Martiniano Marques, Maria Cândida Marques, Maria Conceição Marques, Maria de Lourdes Marques, Maria Delminda de Jesus, Maria José de Jesus, Rita Marques Freire e Laurindo Martiniano Marques.

Por volta de 1900, Firmino Luiz Marques, um dos filhos de Primo e Mindinha, se casou com Maria Cândida de Jesus. Narciza Cândida de Jesus, irmã de Maria Cândida, casou-se com Norberto Luiz Marques, filho de José Luiz Marques Filho. Os dois primos se tornaram concunhados.

Em Minas Gerais nasceram os dois primeiros filhos de Firmino e Maria: Luiz Firmino Marques e Izaura Maria de Jesus. Também em Carmo do Rio Claro, nasceram os dois primeiros filhos de Norberto e Narciza: Augusto Luiz Marques e Luiz Norberto Marques.

Em 1906, após receber de João Cândido da Silva (avô de sua esposa) notícias sobre o franco desenvolvimento do Estado de São Paulo, Firmino decidiu deixar Minas Gerais.

Em 1896 o carmelitano João Cândido da Silva havia deixado Minas Gerais com destino ao interior paulista. Com ele seguiram os filhos João Cândido da Silva Filho, José Cândido da Silva, Justina Cândido da Silva e Vicência Cândido da Silva. Vicência era viúva de Luiz José da Silva e mãe de Maria e Narciza, esposas de Firmino e Norberto, respectivamente. Firmino decidiu então seguir o caminho trilhado pela família da esposa, e convidou o primo e concunhado Norberto.

A partir de 1860 a expansão da cultura do café encontrou na província paulista o solo ideal. A abolição da escravatura (1888) provocou a chegada de imigrantes e a imediata ocupação do interior. A partir da Proclamação da República (15/11/1889) o interior paulista se alargou e o desenvolvimento das cidades transformou o estado na economia mais dinâmica do país.

O processo migratório para São Paulo ganhou força a partir de 1901 e o maior fluxo veio da vizinha Minas Gerais. A construção de ferrovias permitiu a colonização de novas áreas interioranas, o chamado “Oeste Pioneiro” desenvolveu-se pela expansão da pecuária suína e bovina, fazendo surgir pequenos contingentes populacionais, principalmente de mineiros.

Em 1852 João Bernardino de Seixas fundou São José do Rio Preto. Em 1904 teve início a construção da ferrovia que fez surgir Araçatuba em 1908. Em 1906 a Família Cândido da Silva estava instalada no Oeste Paulista, na região conhecida como “Macaúba Velha”, próxima ao Rio Tietê.

Firmino e Norberto deixaram o sul de Minas no dia 25 de setembro de 1906, numa comitiva formada por dois carros-de-bois e alguns animais de montaria. Para alimentar as crianças trouxeram algumas vacas de leite. Sebastião (Nhô), Alberto e Martiniano ajudaram na viagem e depois retornam a Minas. Para também se instalar em São Paulo, integrou a comitiva José Luiz da Silva, irmão de Maria e Narciza.

Depois de 60 dias de viagem chegaram à fazenda de João Cândido na Macaúba Velha. Procurando terras os primos chegaram à região do Ribeirão Açoita Cavalos. Firmino trocou 14 juntas de bois de carro por 110 alqueires. Norberto adquiriu 150 alqueires do outro lado do Ribeirão.

Os primeiros anos foram de muitas dificuldades, as famílias viviam em pequenos ranchos de pau-a-pique, plantando roças de milho e cana-de-açúcar. A criação e venda de porcos e o engenho de rapadura eram pequenas fontes de renda. Por volta de 1910 surgiu nas proximidades o povoado de Nova Castilho, em terras do fazendeiro José Castilho.

As famílias aumentaram. Maria Cândida deu à luz Altina, João Firmino, Antonio (falecido ainda criança), Julieta e Braz Firmino, e adotou Wilson Gonçalves. De Narciza nasceram Antonio Luiz, Braz Norberto, Maria Narciza, João Norberto e Pedro Norberto, e houve a adoção de Maria Borges.

Enquanto isso, a maior parte dos descendentes de José Luiz e Prodenciana permanecia em Minas. Do casamento de Luiz José Marques com Laurinda Alves Fernandes nasceram José Luiz Marques Neto, Salustiano Luiz Marques, Laurindo Luiz Marques, João Luiz Sobrinho, Jeremias Luiz Marques, Rita Marques de Jesus e Isidoro Luiz Marques.

José Luiz Neto casou-se com prima Maria Cândida, filha de Martiniano e Altina. Os dois primeiros filhos do casal nasceram em Carmo do Rio Claro: Maria e Oswaldo.

Salustiano casou-se com Joana Fausta de Paiva e três filhos do casal nasceram em Minas: Geraldo, Luiz e Pedro Salustiano.

Da união de João Luiz Marques (outro filho de José Luiz e Prodenciana) com Maria Madalena Diniz, nasceu Hipólito Ludgero Marques.

Em 1921 Luiz José e João Luiz resolveram conhecer a região paulista onde estavam vivendo os sobrinhos Firmino e Norberto. Luiz José comprou 1.500 alqueires de terras entre o Ribeirão Açoita-Cavalos e o Rio São José dos Dourados.

Os irmãos voltaram a Minas e em 1922 organizaram outra comitiva que, depois de 40 dias de viagem sobre carros-de-bois, chegou ao interior paulista. Nesta comitiva vieram Luiz José e Laurinda com todos os filhos; José Luiz Neto e Maria com as crianças Maria e Oswaldo; Salustiano e Joana com os filhos Geraldo, Luiz e Pedro; Hipólito, filho de João Luiz; os empregados José Aureliano da Silva, Ezequiel Magro e Antonio Francisco.

A comitiva era formada por vários carros de bois, um deles só com mantimentos. Anos depois Antonio Francisco retornou a Minas e seu filho Pedro Antonio Alves (Pedro Chico) foi adotado pela família Marques.

Em 1923 Hipólito Ludgero Marques casou-se com Izaltina Cândido da Silva, filha de José Cândido da Silva e Donância Castilho. Os filhos do casal nasceram em solo paulista: José, João, Ambrósio, Sebastião, Maria Antonia, Braz, Izaltina, Hipólito, Apparecida, André, Manoel, Manoelina, Adolares, Efigênia, Simão e Wagmar.

Há uma curiosidade familiar que merece menção. Todos os descendentes de Firmino, Norberto e Hipólito também são descendentes de João Cândido da Silva, outro pioneiro vindo de Carmo do Rio Claro que chegou ao interior paulista em 1896 e se instalou na Fazenda Macaúba, próxima ao Rio Tietê (atualmente Vicentinópolis). Isso por causa do parentesco existente entre as esposas: as irmãs Maria Cândida e Narciza eram tias de Izaltina. Todos, portanto, são parentes consangüíneos da grande família Cândido da Silva existente em General Salgado.

Os demais filhos de José Luiz Neto e Maria nasceram em São Paulo: Altina Maria, Luiz, Diomásio, Manoelina, Valdemar e Milton.

Salustiano e Joana também aumentaram a família: Olímpia, Claudina, Antonio, Geraldina, Mário, Alvina, Helena e Armindo nasceram no interior paulista.

Em 1928 Antonino José de Carvalho, o Tonico Barão, adquiriu na região a Fazenda Limoeiro, onde fez surgir o povoado de Vila Palmira. Os Marques participaram ativamente na abertura das ruas e na construção das primeiras casas do vilarejo. Wilson Gonçalves e Pedro Chico, ainda crianças, ajudaram conduzindo carros-de-bois. Em 1935 o arruado se transformou em povoado e recebeu o nome de General Salgado.

Anos depois João Luiz Marques veio viver com o filho Hipólito em solo salgadense. Martiniano e Altina sempre viveram em Carmo do Rio Claro.

Em 1938 as irmãs Rita e Conceição, filhas de Martiniano e Altina, vieram a General Salgado visitar a irmã Maria, casada com José Luiz Marques Neto. No dia 24/09/1938 Rita se casou com Jeremias Luiz Marques, irmão de José Luiz Neto. Dessa união nasceram Regyna, Celso e Alcina Marques.

Conceição, viúva e mãe de Adélia, conheceu Antonio Aureliano, com quem se casou alguns anos depois. O casal teve quatro filhos: Maria Helena, Ironê, Edegar e Neide.

A árvore genealógica da família, portanto, possui cinco ramos principais:

1. Firmino Luiz Marques (casado com Maria Cândido)
2. Norberto Luiz Marques (casado com Narciza Cândido)
3. Luiz José Marques (casado com Laurinda Fernandes)
4. João Luiz Marques (Maria Madalena Diniz)
5. Martiniano Luiz Marques (casado com Altina Marques, irmã de Firmino).

Essa é a saga da Família Marques de General Salgado, cuja história precede a da cidade. Em 2006 comemorou-se o centenário da chegada dos pioneiros ao interior paulista e a família passou a reunir-se anualmente para celebrar sua história.

Firmino, Norberto, Luiz, João e Martiniano, certamente foram homens de fé. Tiveram fé na busca de melhores condições de vida, acreditaram no futuro e não se deixaram vencer pelas dificuldades.

Não fosse essa força, esse entusiasmo, não teriam começado uma história tão bonita e tão vitoriosa.

3 comentários:

manoel afonso disse...

Sinceramente - li e reli toda a exposição detalhada desta verdadeira saga familiar. Parabéns pela pesquisa que envolveu uma série da aspectos. Parabéns pela matéria que merece ser mais divulgada.

Anônimo disse...

Linda a história da família Marques. Sou um dos descendentes da família. Meu avô paterno era um Marques, da cidade de Carmo do Rio Claro-MG. Meu pai também era natural de Carmo do Rio Claro (Já falecidos).
Meu pai foi para Volta Redonda-RJ no inicio dos anos 50 e lá fez a vida. Eramos oito irmãos. Três já falecidos.
Atualmente somos 2 irmãos em Volta Redonda-RJ e 3 irmãos no Rio de Janeiro-Capital.
Parabéns pela linda história e um grande abraço a todos descendentes da família Marques.

Anônimo disse...

Me chamo Marco Antônio Faria Marques.