segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Amigos e Companhia Ilimitada

Assim como muitos salgadenses que foram embora e não conseguem ficar longe por muito tempo, me acostumei a trazer outros amigos para a cidade, especialmente em eventos comemorativos: carnaval, festa do peão, bailes, etc. Todos, sem exceção, adoraram a cidade e os salgadenses.

Já tentei descobrir, mas não sei o que tem essa gente salgadense, tão amistosa, tão festeira, tão receptiva. Os amigos de fora vão firmando amizade com os amigos da cidade, tomam vida própria, quando você nota nem dependem mais de você para outros retornos.

Minha cunhada Agnes Ramos trouxe de São Paulo para conhecer a Festa do Peão um amigo que nunca tinha saído da capital. O rapaz se esbaldou, festejou, bebeu, dançou. De volta para casa o pai - também caipira da cidade - o inquiriu:

- Me diga meu filho, como é o interior, como é essa tal de General Salgado?

A resposta do paulistano:

- Pai! É uma cidade pequena onde todos se vestem de peão e em cada esquina tem um carro com som alto tocando e todo mundo cantando assim: "eu me amarrei, eu me amarrei, eu me amarrei no seu coração..."

Tenho amigos que até hoje quando me encontram perguntam da cidade, dos amigos que aqui fizeram, das festas e bagunças. Todos saudosos e dizendo: "Como é boa aquela terra". Todos se surpreendem ao serem bem recebidos, bem tratados por gente que nunca viram antes.

Bruno Marques vivia convidando amigos paulistanos para virem conhecer a cidade. Até que num carnaval convenceu a Renata Sandoval, que vinha resistindo à idéia achando que seria a maior roubada. Depois de aceito o convite ele se mandou na frente e avisou que ela teria que vir com dois amigos dele.

Ela me narrou sua experiência: "Peguei carona com a Neila Aguiar e o Mauro Bertochi e viemos trocando idéias o tempo todo, achava o máximo, aqueles dois nunca tinham me visto e me tratavam como se fosse uma amiga de anos! Cheguei e não conhecia uma alma, mas logo me arrastaram para a Lanchonete Zero Grau, começamos a beber e conversar. Sei que dali pra frente fiz muitos amigos e foi o melhor carnaval que já havia passado na minha vida, amei!".

Tanto gostou que se tornou freqüentadora assídua da cidade, e acabou se casando com o salgadense Marcelo Cruzeiro.

Em quase todos os carnavais eu trouxe amigos para a cidade. Num deles veio o Jamil, um louco de quase dois metros de altura, policial civil. No primeiro dia fez amizade com tudo mundo. De madrugada, depois de uma chuva pesada, na portaria do Clube começaram uma brincadeira de jogar água nos foliões. Para devolver o banho Jamil pegou o Birolinho (Edson Luís Alves) e arrastou até a enxurrada, começou a enfiar a cabeça dele na água, brincando de ‘caldo’. Um PM que estava na porta do Clube estranhou a cena e chegou mais perto:

- O que é que tá acontecendo aí, que brincadeira é essa?

E Jamil, segurando a cabeça do Birolinho dentro da água:

- Olha meu amigo, você pode não acreditar, mas eu também sou policial!

Noutro carnaval veio Maurício Galhanone, paulistano do interior, morador da capital e fazendeiro em Braúna. Um amigo do peito, estimado, daqueles que a gente não gosta de ficar muito tempo sem ver. Tempos depois conseguiu a proeza de tornar-se abstêmio, não beber mais. Na época, no entanto, tomava todas. Gostou tanto da cidade que voltou na Festa do Peão.

Durante o rodeio, arrumou uma namorada salgadense e sumiu. Lá pelas cinco da matina ainda não tinha retornado. Parei a viatura da Polícia Militar e aproveitando que eles estavam rondando por todos os cantos pedi para que tentassem localizar o seu carro, dei as características. Depois de uns vinte minutos os policiais retornaram:

- Achamos o seu amigo numas quebradas aí, mas quando fizemos sinal ele se assustou e sumiu no mundo!

Menos de cinco minutos chega o Maurício esbaforido:

- Vamos s'embora que a polícia tá atrás de mim. Não sei nem porquê!

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