quinta-feira, 26 de março de 2009

Mamãe é fogo!

Dona Cida e seu Domingos de Almeida – meus pais – sempre gostaram de viver na zona rural, onde nasceram e cresceram. Por conta da necessidade de estudar os filhos fizeram breves intervalos como moradores da cidade, alguns anos em General Salgado e outros em Araçatuba.

Depois que os filhos tomaram rumos próprios – com exceção de Cleber, que sempre viveu com eles na fazenda - decidiram fixar-se em definitivo no Córrego do Lajeado.

Certa vez mamãe começou a reclamar com papai que havia um leitão estragando seu quintal. O danado fugia do chiqueiro e vinha para a porta da cozinha procurar algum alimento, frutas caídas no pomar, sobras de comida deixadas pelos cachorros, algo assim.

Mesmo com as constantes reclamações, seu Domingos não cuidava de reparar a cerca do chiqueiro. Dava um susto no porquinho que desaparecia, porém, voltava no dia seguinte.

O bichinho foi ficando a cada dia mais folgado, destapava o latão de restos que se transformavam em lavagem para a ração dos demais leitões e, no ímpeto de se entupir com o alimento, entornava tudo pelo chão.

Foi diversas vezes expulso quando se preparava para entrar na cozinha e as reclamações da dona da casa não eram atendidas. Lógico que ela foi ficando a cada dia mais irritada com a situação.

A coisa piorou quando dona Cida encontrou o leitão mastigando um pacote de farinha de trigo que ela havia deixado sobre uma cadeira da cozinha. Era demais.

Não pensou duas vezes, armou-se de um revólver e mandou bala no animal.

Surpresos com o estampido, papai e Cleber vieram correndo do curral para entender o acontecido. Avistaram o porquinho que já ia longe, grunhindo e balançando a anca, atingida de raspão pelo disparo. A suinocida ainda apontava a arma para os lados que o bicho corria e ameaçava:

- Se você voltar aqui de novo te boto na panela, sem-vergonha!

Cleber precisou se sentar ao chão para controlar tanto riso.

Dias depois, seu Domingos - que não é bobo - consertou a cerca.

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