segunda-feira, 9 de março de 2009

Festa Junina

Pedro Arruda foi policial civil em Araçatuba até que, pretendendo iniciar na advocacia, levei-o para o meu escritório. Tempos depois retornou à terra natal, onde mantém um dos mais conceituados escritórios de advocacia da região.

Em Araçatuba ele residiu, durante algum tempo, numa república onde organizamos boas festas. Numa delas convidamos amigos policiais civis, que prometeram comparecer depois de encerrado o plantão. Lá pelas tantas da madrugada, casa lotada e todo mundo de tanque cheio, estacionou na porta uma viatura policial com os sinais luminosos ligados e um bando de policiais invadiu a festa.

A maior parte dos convidados não sabia que o dono da casa era policial e que os invasores eram convidados. Na dúvida, uma turma saiu correndo, alguns querendo pular janelas, pensando que se tratava de uma blitz. Teve gente que ficou o resto da noite escondida e ressabiada.

Durante os meses de junho os restaurantes araçatubenses promoviam Festas Juninas, com cardápio típico, quentão, pipoca, amendoim, correio elegante e garçons vestidos a caráter. Resolvemos promover uma festa desse tipo e a idéia criou ânimo quando encontramos três sujeitos com cara de nordestinos, vestidos a caráter, com chapéu de couro e tudo, tocando forró numa lanchonete.

Pedro combinou de buscá-los, porém, no dia da festa os convidados foram chegando, todo mundo vestido de caipira, os comes e bebes preparados, a casa começou a encher de gente e cadê a banda?

Ao aparecer depois de muito tempo, Pedro justificou a demora por ter perdido o endereço dos músicos, só se lembrava do bairro, do primeiro nome do sanfoneiro e de que ele havia dito que trabalhava na Prefeitura. Como não podia deixar de encontrá-los senão seria praticamente linchado na festa, saiu de esquina em esquina perguntando por um baiano tocador de sanfona e funcionário municipal.

Imaginem a cena: tarde da noite um sujeito percorrendo o bairro vestido de caipira, camisa listrada cheia de remendos, calça na canela amarrada na cintura com barbante e com remendo nos fundilhos, botina com um buraco na sola outro em cima do dedão, uma espiga de milho no bolso, gravata de cor berrante, chapéu de palha, a cara toda rabiscada de preto tentando formar um bigode e uma mancha na ponta do queixo representando um cavanhaque.

A salvação da lavoura foi que todo mundo no bairro conhecia o homem e na segunda esquina indicaram o endereço, apesar dos olhares de espanto e das caras demonstrando contenção de riso diante do personagem caipira que procurava o sanfoneiro.

- Achar os homens foi fácil, difícil foi trazer a zabumba!

É que depois de colocar os instrumentos e os músicos no carro a zabumba do tocador não coube e o dono já estava quase desistindo do contrato. O jeito foi achar uma solução rápida:

- O zabumbeiro veio com a bicha pendurada do lado de fora da porta, mas que veio, veio! Taí ó!

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