terça-feira, 8 de abril de 2008

Antonio Bernabé

Antiga bomba de combustíveis do Posto de Antonio Barnabé, decorando um dos trevos da Rodovia Feliciano Sales Cunha.

Num dos entroncamentos da Rodovia Feliciano Sales Cunha, aquele que acessa à Destilaria Generalco, há uma antiga bomba de gasolina utilizada como elemento decorativo.

Poucos sabem que aquela velha bomba de combustíveis por muitos anos esteve instalada no Auto Posto do seu Antonio Bernabé, o primeiro da cidade, que funcionava na esquina da Avenida Antonino de Carvalho com a Rua Euflauzino Castilho, mais ou menos onde está localizado o jardim da casa do Dr. Kleber Sales.

Conheci o velho Bernabé e pude confirmar a veracidade de muitas “artes” por ele praticadas, não economizava nas gozações, nas armações e na alegria.

Morava no sobrado ainda existente na esquina da Rua Euflauzino com a Avenida Diogo Garcia e freqüentava todas as tardes o bar de seu irmão Elizeu, o antigo Bar do Okuyama, onde hoje se acha a agência do Banco do Brasil.

Ali ele se reunia com os amigos: Milton Renda, Professor Edinei Plazza e outros que aproveitavam o fim de tarde para colocar as histórias em dia, acompanhados de diversas doses de cachaça. Só tomava uísque e tinha que ser da marca Drury’s.

Quando era proprietário do único Posto de combustíveis da cidade, logo pela manhã os comerciantes do centro se reuniam para tomar café no Bar da Rodoviária, pertencente ao Toninho Mendonça e já comandado pelo seu Lau Mendonça.

Bernabé adorava aprontar com o Sr. Orozimbo Barão, filho do fundador da cidade Tonico Barão. Seu Orozimbo – avançado nos anos – era praticamente surdo e só ouvia quando as pessoas gritavam com ele.

Encostado ao balcão tomando seu café matinal, assim que avistava o velho sentado numa das mesas do bar, Bernabé lhe exibia – à distância – a xícara de café e dizia:

- Quer tomar no cú seu Orozimbo?

Inocente e acreditando que a oferta era de um simples cafezinho, a resposta do velho provocada gargalhada de todos:

- Muito obrigado seu Bernabé, já tomei hoje!

Certa vez um fazendeiro de São José do Rio Preto, proprietário de terras em São Luiz do Japiúba, estacionou sua camionete no pátio do Posto e ficou aguardando o abastecimento.

Amarrado na caçamba do veículo havia um gordo carneiro que, certamente seria abatido e enviado às brasas nos festejos de Fim-de-Ano. Ninguém percebeu que, enquanto o fazendeiro conversava com alguns conhecidos Bernabé resolveu aprontar uma das suas artes.

O golpe só foi descoberto quando o dono do carneiro chegou em casa, foi descer o animal e tomou um susto: ao invés do ovino a corda trazia seguro pelo pescoço um enorme cachorro vira-latas que Bernabé havia apanhado no meio da rua e trocado pelo carneiro, aproveitando a distração do dono.

Lógico que para comemorar a troça ele convidou os amigos para o churrasco, especialmente aqueles que ajudaram no golpe.

Bastante avançado nos anos ainda participava das festas que os filhos (Fernando, Pote e Tita) e sobrinhos (Batata, Maninho, Márcio Aurélio e Amauri Cruzeiro) faziam no Bar do Elizeu. Chegava anunciando a todos a sua presença através de um grito forte: “Popó!”.

Lá pelas tantas, todos insistiam para que cantasse e ele até inventava umas músicas. Ficou famosa entre todos uma que começava assim: “Chora bananeira, bananeira chora...”. Parte da letra trazia, para variar, muitos palavrões e algumas rimas impublicáveis.

Mas a melhor de todas as aprontadas por seu Bernabé, até hoje considerada como a mais audaciosa, envolveu o seu cunhado Mauro Cruzeiro, casado com dona Leonor Bernabé. Esta história, com certeza, revela que ele podia perder a amizade até dos parentes, mas não perdia a piada.

Ficou muito tempo convencendo o cunhado a levá-lo até a ZBM, a famosa zona do meretrício. Mauro relutava, se dizia incapaz de trair a patroa e achava a proposta um cúmulo: “onde já se viu Antonio, nós dois na zona!”.

Tanto atentou e insistiu que o convenceu: “a gente vai lá, conversa com as moças, se diverte um pouco, depois vem embora, não vai acontecer nada demais!”.

Entraram no local, ocuparam mesa e pediram cervejas. De repente Barnabé bateu no bolso: “Mauro, esqueci o dinheiro, vou buscar”. O cunhado ainda tentou argumentar dizendo que tinha dinheiro: “Eu te convidei, então eu vou pagar a conta”, arrematou saindo porta afora.

Naquele tempo a Cantina do Papai funcionava no Posto São Paulo, na principal entrada da cidade. Bernabé entrou correndo na casa da irmã, esbaforido, muito sério:

- Leonor, vem comigo que eu vou te mostrar quem é o teu marido!

Dona Leonor não entendeu nada, mas o irmão insistia:

- Você pensa que o teu marido é um santo, mas vou te mostrar que ele não presta.

Botou a irmã no carro, tomou o rumo da zona e fez com que ela olhasse pela janela. Dona Leonor rodou a baiana quando deu de cara com o marido belo e formoso rodeado de mulheres, tomando cerveja. E o dono da armação ainda botava fogo, apontando para o cunhado com um dedo acusador:

- Não falei que o teu marido era um safado?

Enquanto o casal acertava as contas o velho Bernabé rolava de rir.

Nem é preciso dizer que ele mesmo se encarregou de espalhar a história pela cidade.

Nenhum comentário: