segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Políticos de Primeira Viagem

Na capital paulista existe um bar próximo à Avenida São João que é tido como o ponto de encontro dos políticos do interior. Durante a semana é muito comum encontrar as mesas ocupadas por prefeitos, vereadores, secretários e outros tipos de "aspones" (assessores de porcaria nenhuma) interioranos.

Um Prefeito da região de General Salgado, inexperiente nas coisas da cidade grande, ou seja, puro sertanejo, entrou no bar acompanhado de seu séqüito, e foi reconhecendo os colegas que se preparavam para o almoço, até que um deles o convidou, mostrando os pratos do couvert:

- Sr. Prefeito, como vai? Não quer se sentar aqui e comer conosco?

E o prefeito, vendo que os assessores já se acomodavam mais ao fundo, desculpou-se, espetando o palito num dos petiscos do prato do amigo:

- Me desculpe, vou me sentar mais ao fundo com o pessoal da minha cidade, mas pra não desfazer do convite vou comer um "conosquinho" desse aqui!

Sentou-se à mesa com os auxiliares e o garçom se aproximou para recolher os pedidos, dirigindo-se à autoridade maior:

- Senhor Prefeito, o senhor já escolheu seu prato?

- Se não tiver de ferro agate, pode ser de louça mesmo, daqueles de florzinha!

Numa comitiva de políticos salgadenses à capital, havia um marinheiro de primeira viagem, que nunca tinha pisado o solo paulistano. Durante o trajeto foram ultrapassando vários caminhões carregados de banana e ele inquiriu os demais:

- Pra onde é que vai tanta banana?

Quando lhe responderam que o destino das frutas era a capital ele não acreditou, ficou remoendo e dizendo para si mesmo que seria praticamente impossível uma única cidade consumir cargas e mais cargas de banana. Assim que o carro adentrou a marginal e ele botou os olhos pela primeira vez na capital, espantado com o tamanho da cidade, lembrou-se do cortejo e reconheceu:

- Meu Deus do céu! Haja banana!

O debutante também nunca tinha freqüentado um restaurante. Depois do expediente a comitiva resolveu almoçar num daqueles bem chiques. Envergonhado porém orgulhoso, pensou que escondendo dos demais a ignorância ficaria livre da chacota, da gozação. Imaginou que para sair incólume e não passar vexame bastaria acompanhar os pedidos dos companheiros mais experientes: "o que um pedir eu peço também", vaticinava.

O garçom se aproximou, começou a tomar nota dos pedidos e ele ficou assuntando, esperando vez. Mas o barulho do ambiente prejudicava sua audição, não entendia direito o que estavam pedindo. Quando entendia, não compreendia que tipo de comida poderia ser aquele, estava habituado a "arroz, feijão, bife, ovo", e ouvia algo como: Filé à Cubana; Filé Chateaubriand; Strogonoff; Vitela, Escabeche...

Quando o garçom se aproximou e perguntou-lhe sobre a escolha, ele não tinha conseguido captar o nome de nenhum dos pratos e resolveu não arriscar:

- Eu quero o mesmo que o meu amigo aqui do lado.

Não deu nem tempo de se sentir aliviado e o garçom complicou a vida dele de novo:

- E para acompanhar senhor?

Pensou, pensou e antes que os amigos pudessem perceber a sinuca em que se havia metido, disparou:

- Tem farinha?

2 comentários:

Unknown disse...

Eita Carlos Jose, que bom vc esta de
volta com Proseando, muito bom.
Parabens e obrigada, abraços

Carlos José Reis de Almeida (Cal) disse...

Sandra, decidi publicar o Proseando por causa de amigos como vc, que sempre prestigiam. Volte sempre. Bj. CAL