segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O Conquistador

Durante o tempo em que eu e Pedrinho Arruda moramos em Araçatuba, era comum recebermos os amigos de Salgado e levá-los para bares, boates e outros festejos. Quase sempre nestas ocasiões nos acompanhava o amigo Carlos Righi (Negão), outro salgadense de Nova Castilho que há muito vive por lá.

Uma noite levamos uma turma para um barzinho movimentado, mulheres bonitas escorregando pelas beiradas. No meio tinha um salgadense tido como conquistador, moleque novo, porém provinciano, nunca tinha ido a uma festa daquele tipo. Ficou fascinado com a quantidade e principalmente com a beleza das mulheres.

A noite foi passando e ele não tomava coragem de chegar, de se apresentar às garotas, ou, quando isso acontecia, a conversa não rolava, não engrenava e ele ficava sozinho.

No final da noite reclamou aos amigos dizendo que as mulheres de Araçatuba eram muito difíceis, não tinha conseguido nada com ninguém. Pedrinho explicou-lhe por que:

- Aqui não adianta você dizer a elas que é filho do Fulano ou convidá-las pra darem uma voltinha na sua camioneta nova! Tem que conversar, mostrar serviço...

De outra vez fazia parte do grupo o nosso saudoso Marcelo Pereira, o famoso "Instalação" (aliás, de onde será que surgiu esse apelido?), que era meu parente. Nossas bisavós maternas eram irmãs, os maridos eram primos: Firmino e Norberto Marques. Tudo cria de Nova Castilho.

Vítima de trágico acidente automobilístico ocorrido há alguns anos, Marcelo foi embora deixando um lastro de amigos e admiradores de sua personalidade amistosa e festiva.

O grupo saiu na noite araçatubense com destino a um bar com som ao vivo, que depois da meia-noite se transformava em festa dançante. Marcelo era daqueles que bebia a noite toda e pouco falava, talvez para destoar um pouco de alguns familiares, faladores por excelência. Sua tia Dalira Marques, por exemplo, é daquelas que vai emendando um assunto atrás do outro e não para mais.

Taciturno, circunspeto, tinha mania de ficar observando o ambiente e sorvendo todas. Talvez por um pouco de timidez, ou algum tipo de efeito inibidor produzido pela cachaça. Depois de certa quantidade de bebida (muita, aliás!) não falava mais nada!

No meio da festa dançante formaram uma rodinha com outras pessoas, mulheres inclusive. De repente ele se interessou por uma garota muito bonita e atraente, pediu para ser apresentado e ficou ali do lado dela, fazendo de conta que dançava, bebendo e tentando puxar conversa.

Mas o assunto não vinha, a moça não dava trela, respondia com monossílabos e ele adotou outra tática. Aproximou-se devagarzinho e disfarçadamente colocou a mão no ombro dela, tentando fazê-la dançar com ele. Enquanto isso, mais bebida e uns passos que ele acreditava fossem de dança. A moça, de forma educada e com um sorriso, retirou a mão boba do seu ombro, mas permaneceu ali do lado.

Mais alguns minutos e lá estava de novo a mão do Marcelo no ombro da moça, sem uma única palavra de justificativa. Outra vez delicadamente, ela afastou do seu pescoço o braço do conquistador calado. Pouco depois lá vinha outro abraço.

Depois de quinta ou sexta vez ela não agüentou, chamou o Pedrinho de lado e anunciou:

- Esse seu amigo parece um polvo!

2 comentários:

Unknown disse...

Cal, essa do estala é muito boa, vou lhe mandar uma outra na qual eu participei e não consigo esquecer a cara de inocente dele, me justificando o que tinha acontecido. Vou mandar a história no seu e-mail, e quando der vc coloca no "ar"...abraço..e é sempre bom relembrar o velho ESTALA...té +...Alex Marques Galhardo

Carlos José Reis de Almeida (Cal) disse...

Valeu Alex, o grande Instalação tem muitas histórias engraçadas que nós precisamos contar, registrar para a posteridade. Obrigado pela visita, volte sempre. Abraço.