terça-feira, 9 de março de 2010

O Samba do Vande

É impossível curtir o carnaval salgadense, rever os bons amigos, relembrar os velhos tempos sem que venha à lembrança histórias do saudoso Vande Mendonça.

Nos anos 80 os blocos não tinham recursos financeiros para que as festas durassem a noite inteira. Logo depois da meia-noite fechavam as portas incentivando o comparecimento dos foliões aos bailes do Salgadense Esporte Clube.

Encerrado o baile, pequenos grupos retornavam aos blocos para tomar as últimas ou reacender a churrasqueira. Isso é o que acontecia quase todas as noites no Bloco Maluko.

Numa dessas madrugadas alguém apareceu com um violão e formamos uma roda de samba, improvisando instrumentos de percussão com cadeiras, panelas, colheres, latinhas de cerveja, algo assim.

A madrugada findava quando o Vande disse que ia cantar uma música de sua autoria e pediu que o violeiro o acompanhasse ao ritmo do famoso samba Volta por Cima do compositor paulistano Paulo Vanzolini, um grande sucesso da época cantado pelo sambista Noite Ilustrada. A letra original é assim:

“Chorei, não procurei esconder, todos viram, fingiram
Pena de mim não precisava,
Ali onde eu chorei qualquer um chorava,
Dar a volta por cima que eu dei quero ver quem dava.

Um homem de moral não fica no chão
Nem quer que a mulher lhe venha dar a mão,
Reconhece a queda e não desanima
Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”

Assim que começaram os acordes do violão e a batucada, porém, Vande começou a colocar outra letra na música:

“Peidei, não procurei esconder, todos viram, fedia
Perto de mim ninguém ficava
Ali onde eu peidei qualquer um peidava,
Dar o peido fedido que eu dei quero ver quem dava.

Um homem de moral não peida no salão
Nem quer que a mulher lhe chame de cagão,
Reconhece o cheiro e não desanima,
Levanta sacode a cueca e dá outro por cima”.

Na metade da música o acompanhamento foi parando porque o pessoal não aguentava rir e tocar ao mesmo tempo. Quando ele terminou a última frase, metade da turma rolava pelo chão e outra metade se apoiava nas paredes.

Demorou quase meia hora para terminar a sessão de gargalhadas. O autor da façanha teve que repetir a música umas quatro ou cinco vezes e, em cada uma das repetições acontecia nova rodada de riso.

Impagável!

Achei no Youtube o vídeo da canção original:

Um comentário:

Breno disse...

Cal - Parabéns por mais um belo e divertido texto. Sempre leio suas histórias mas me falta a sensibilidade de vir aqui te parabenizar.

Um forte abraço e beijos para as meninas.