terça-feira, 29 de novembro de 2011

Gappinha Ranieli

Carlos Mesquita convidou os cunhados, a dupla Gappa e Gappinha, para uma pescaria. Arrumaram as tralhas e partiram num Fiat 147 para os ranchos de Auriflama, sem esquecer o ingrediente principal da aventura: uma caixa de cerveja bem gelada.

Quase fim de tarde, fim da cerveja, foram conferir o resultado da pesca: 3 peixinhos mixurucas. Resolveram voltar. No meio do caminho o carro pifou. Abriram o motor, examinaram algumas peças, até que um deles desconfiou: acabou a gasolina!

- Não é possível! - disse o proprietário do possante - enchi o tanque hoje cedo!

Uma camionete apareceu e deu carona para o Gappinha até a cidade. Meia hora depois ele apareceu na garupa de um mototáxi. Escurecia quando chegaram em Auriflama e decidiram parar numa lanchonete para tomar mais umas enquanto o carro era reabastecido. A fome apertou mas o dinheiro não dava para muita coisa. Os últimos trocados seriam guardados para mais algumas cervejas, pois, apesar da fome, ninguém se habilitava a trocar bebida por comida naquele momento.

A dona da lanchonete começou a preparar uns petiscos para a clientela e o aroma do ambiente foi atiçando e fazendo roncar a barriga dos salgadenses. Mesquita puxou assunto, elogiou o cheiro da comida, disse que eram da vizinha cidade, estavam de passeio, foram conhecer os ranchos e pescar alguma coisa. Pegaram muito? Quis saber a gentil senhora:

- Não! Pegamos só uns 30 quilos!

- Eu sempre compro peixes do pessoal que pesca lá nos ranchos. Se vocês quiserem vender um pouco eu compro! - disse a comerciante.

- Podemos fazer negócio então. Mas a senhora não precisa pagar não. A gente troca peixe por comida, pode ser?

- Claro que sim! O que vocês querem?

A mesa foi servida de vários aperitivos e os famintos atacaram, principalmente o Gappa, com o apetite voraz que sempre lhe foi peculiar. Mesquita percebeu que o local era repleto de fotos de futebol e direcionou a prosa, perguntando se os proprietários da lanchonete gostavam do esporte. Responderam dizendo que tinham um conhecido (ou parente) que havia jogado no Corinthians, o Wilson Mano. Aí o salgadense preparou o golpe:

- Esse aqui - apontou o Gappinha - é o Ranieli, que jogou no Palmeiras na mesma época em que o Mano estava no Corinthians. Vocês devem ter ouvido falar, ele e o Mano eram muito amigos...

Surpresos, os comerciantes vieram conhecer de perto e cumprimentar o famoso boleiro, dizendo-se honrados pela presença. O Gappinha "Ranieli" desandou a contar das aventuras que havia passado junto com o atleta auriflamense, jogos, vitórias, derrotas e tudo o mais. E encerrou dizendo que tinha muita saudade, que gostaria de reencontrar o amigo, de quem há muito não recebia notícias. Apresentaram-lhe uma foto para que ele autografasse e ele escreveu em letras garrafais: "Ao amigo Wilson Mano, um grande abraço do Ranieli". E o quadro voltou para a parede.

Na hora de pagar a despesa, por conta da gentileza do visitante famoso, cobraram apenas as cervejas, deixando as porções pela serventia da casa.

No dia seguinte o Mesquita foi sair cedo para o trabalho e o carro não funcionava. Olhou no marcador: seco! Só então descobriu que o tanque estava furado.

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