Certa vez assisti de perto o cometimento de um assalto. O fato se deu em General Salgado, por volta das quatro horas da manhã de um sábado, mês de julho, o ano deve ser 1989 ou 1990.
Num dos bancos da Praça da Matriz, atrás do Ponto de Táxi, estavam sentados dois indivíduos, que se dirigiram para a Rodoviária assim que encostou um ônibus vindo da capital. Um deles era coxo, puxava de uma perna, deu para perceber que usava um aparelho corretor. O outro era bem alto, espadaúdo e meio troncho. O ônibus rompeu e na calçada ficou uma jovem que aparentava uns vinte anos, segurando duas mochilas.
De repente os dois se aproximaram da moça; o grandão levantou a camisa mostrando o cabo de uma pistola e anunciou com voz grave, cavernosa:
- Não fale nada. Isto é um assalto.
Agarraram as mochilas e saíram correndo pelo meio da praça. Apesar de tétrica a cena era muito engraçada: o homem alto não sabia se corria ou se ajudava o coxo que arrastava, além da perna, uma das mochilas. Quase defronte a Prefeitura entraram num carro e sumiram.
A moça ficou num desespero de causar dó. Nunca tinha vindo à cidade antes, não conhecia ninguém, não atinava como buscar socorro.
Assim que os assaltantes sumiram, um carro parou em frente ao Ponto de Táxi e dele desceu Eduardo Inocêncio, que era amigo da vítima, tinha feito o convite para que ela viesse passar as férias na cidade. Informado do ocorrido mostrou-se muito espantado, pois nunca antes houvera notícia de um crime dessa natureza por estas bandas.
Levou a vítima até a casa dele, onde um grupo de amigos promovia um churrasco esperando a visita para lhe dar boas-vindas. Todos receberam a notícia com surpresa:
- Não é possível, isso nunca aconteceu por aqui.
A menina chorava muito e dizia:
- Ainda bem que eu guardei uma parte do dinheiro no bolso e eles não levaram, buáááá...
Alguém perguntou como eram os bandidos:
- Um deles era grandão, muito feio e cabeçudo, o outro parece que era aleijado, mancava de uma perna, buáááá...
Depois de meia hora de água com açúcar e consolo, promessas de que a polícia tomaria providências, aquele papo de que os bandidos não deviam estar longe, etc, a coitada foi se acalmando. Enquanto isso a turma seguia no churrasco.
De repente a moça olhou por debaixo de uma mesa na varanda e reconheceu uma mochila. Resolveu prestar mais atenção nas pessoas que estavam no local e deparou-se com a dupla Celso Trovão e Chico Manco sentados tranqüilamente no sofá da sala, como se nada tivesse acontecido. Deu um pulo no sofá e destampou novo berreiro:
- Foram esses aí que me assaltaram... Buáááá...
E imediatamente, compreendendo que havia caído num engodo, cobriu o Eduardo de tapas e palavrões.
Não sei por que, mas o seu desespero aumentou; foi preciso, em meio à gargalhada geral da moçada, nova remessa de agrado e água doce. Sei que dias depois, quando voltou à capital ela disse ter adorado a cidade e o pessoal, mas prometeu que nunca mais cairia noutra, principalmente se o convite partisse do Eduardo, um trocista de talento.
Na verdade tudo foi armado desde o princípio pelo anfitrião Eduardo, a fim de pregar uma peça na amiga paulistana que pela primeira vez viajava ao interior. Para que tudo funcionasse a contento houve até ensaio antes da chegada do ônibus. Os assaltantes foram escolhidos a dedo para que ela pudesse reconhecê-los depois, a arma era de brinquedo.
Enquanto os bandidos agiam, o "amigo da onça" assistia tudo da esquina da Rua Diogo Garcia e esperou o momento certo para chegar à Rodoviária, dando a entender que havia se atrasado.
Ocultados pela fonte da Praça da Matriz, eu e Marcelo Cruzeiro assistimos tudo com muita pena da garota e ao mesmo rindo muito da cena em que o Celso Trovão arrastava as malas e o comparsa Chico Manco até o carro; demos fuga aos “meliantes”.
Enquanto ela choramingava no quintal da casa, as mochilas estavam à vista, debaixo da mesa e os assaltantes assistiam TV na sala, esperando serem reconhecidos.
Dias depois o Eduardo convidou outro amigo paulistano para conhecer a cidade e estava organizando seu seqüestro, tinha inclusive tudo combinado com o Mão Branca (Serginho Guimarães), que seria o chefe da quadrilha, arrumou local para o cativeiro e tudo o mais.
Talvez desconfiado ou avisado pela outra vítima o amigo telefonou um dia antes dizendo que imprevistos de última hora o impediam de vir.
Mal sabe a aventura que perdeu.
Num dos bancos da Praça da Matriz, atrás do Ponto de Táxi, estavam sentados dois indivíduos, que se dirigiram para a Rodoviária assim que encostou um ônibus vindo da capital. Um deles era coxo, puxava de uma perna, deu para perceber que usava um aparelho corretor. O outro era bem alto, espadaúdo e meio troncho. O ônibus rompeu e na calçada ficou uma jovem que aparentava uns vinte anos, segurando duas mochilas.
De repente os dois se aproximaram da moça; o grandão levantou a camisa mostrando o cabo de uma pistola e anunciou com voz grave, cavernosa:
- Não fale nada. Isto é um assalto.
Agarraram as mochilas e saíram correndo pelo meio da praça. Apesar de tétrica a cena era muito engraçada: o homem alto não sabia se corria ou se ajudava o coxo que arrastava, além da perna, uma das mochilas. Quase defronte a Prefeitura entraram num carro e sumiram.
A moça ficou num desespero de causar dó. Nunca tinha vindo à cidade antes, não conhecia ninguém, não atinava como buscar socorro.
Assim que os assaltantes sumiram, um carro parou em frente ao Ponto de Táxi e dele desceu Eduardo Inocêncio, que era amigo da vítima, tinha feito o convite para que ela viesse passar as férias na cidade. Informado do ocorrido mostrou-se muito espantado, pois nunca antes houvera notícia de um crime dessa natureza por estas bandas.
Levou a vítima até a casa dele, onde um grupo de amigos promovia um churrasco esperando a visita para lhe dar boas-vindas. Todos receberam a notícia com surpresa:
- Não é possível, isso nunca aconteceu por aqui.
A menina chorava muito e dizia:
- Ainda bem que eu guardei uma parte do dinheiro no bolso e eles não levaram, buáááá...
Alguém perguntou como eram os bandidos:
- Um deles era grandão, muito feio e cabeçudo, o outro parece que era aleijado, mancava de uma perna, buáááá...
Depois de meia hora de água com açúcar e consolo, promessas de que a polícia tomaria providências, aquele papo de que os bandidos não deviam estar longe, etc, a coitada foi se acalmando. Enquanto isso a turma seguia no churrasco.
De repente a moça olhou por debaixo de uma mesa na varanda e reconheceu uma mochila. Resolveu prestar mais atenção nas pessoas que estavam no local e deparou-se com a dupla Celso Trovão e Chico Manco sentados tranqüilamente no sofá da sala, como se nada tivesse acontecido. Deu um pulo no sofá e destampou novo berreiro:
- Foram esses aí que me assaltaram... Buáááá...
E imediatamente, compreendendo que havia caído num engodo, cobriu o Eduardo de tapas e palavrões.
Não sei por que, mas o seu desespero aumentou; foi preciso, em meio à gargalhada geral da moçada, nova remessa de agrado e água doce. Sei que dias depois, quando voltou à capital ela disse ter adorado a cidade e o pessoal, mas prometeu que nunca mais cairia noutra, principalmente se o convite partisse do Eduardo, um trocista de talento.
Na verdade tudo foi armado desde o princípio pelo anfitrião Eduardo, a fim de pregar uma peça na amiga paulistana que pela primeira vez viajava ao interior. Para que tudo funcionasse a contento houve até ensaio antes da chegada do ônibus. Os assaltantes foram escolhidos a dedo para que ela pudesse reconhecê-los depois, a arma era de brinquedo.
Enquanto os bandidos agiam, o "amigo da onça" assistia tudo da esquina da Rua Diogo Garcia e esperou o momento certo para chegar à Rodoviária, dando a entender que havia se atrasado.
Ocultados pela fonte da Praça da Matriz, eu e Marcelo Cruzeiro assistimos tudo com muita pena da garota e ao mesmo rindo muito da cena em que o Celso Trovão arrastava as malas e o comparsa Chico Manco até o carro; demos fuga aos “meliantes”.
Enquanto ela choramingava no quintal da casa, as mochilas estavam à vista, debaixo da mesa e os assaltantes assistiam TV na sala, esperando serem reconhecidos.
Dias depois o Eduardo convidou outro amigo paulistano para conhecer a cidade e estava organizando seu seqüestro, tinha inclusive tudo combinado com o Mão Branca (Serginho Guimarães), que seria o chefe da quadrilha, arrumou local para o cativeiro e tudo o mais.
Talvez desconfiado ou avisado pela outra vítima o amigo telefonou um dia antes dizendo que imprevistos de última hora o impediam de vir.
Mal sabe a aventura que perdeu.
2 comentários:
Cal essa do assalto é muito boa, o Trovão tem mesmo voz de ladrão..rsrsr...Essa me fez lembrar de quando o finado amigo Estalação foi assaltado do lado de fora do Automovel Clube em Rio Preto, quando foi a uma festa de formatura, detalhe o bandido só pediu o dinheiro e ele meio "songo mongo", entregou sem prestanejar,nem revolver ou faca ele viu, acho que foi o assalto mais fácil...rsrs.
Abraço..
Alex Marques Galhardo
Valeu Alex, volte sempre e mande outras histórias. Abraço. CAL
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