sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Mundo Velho Sem Porteira

Na minha família, formada por descendentes de mineiros, a expressão "mundo velho sem porteira" sempre foi usada para saudar o encontro com alguma pessoa que há muito tempo não se via. O mundo gira, a lusitana roda (como dizia antiga propaganda de uma empresa de mudanças...) e de vez em quando a gente tromba com conhecidos desaparecidos por esse mundão de Deus.

Quando eu era criança pequena em General Salgado (com licença para roubar o bordão televisivo), adorava passar férias em Araçatuba, na casa do tio João Firmino Marques. Marivone, Lena, Alcir e Zé do Braz me carregavam para todo lado: cinema, zoológico, lanchonetes (eu gostava mesmo é de ir às bancas de revistas comprar gibis) etc. E assim fui, aos poucos, descobrindo o mundo que existia do outro lado do Rio Tietê.

Quando fiquei maiorzinho - 14, 15 anos - o tio Zé do Braz me levava para passear na Avenida Brasília e, como tinha seus compromissos, às vezes me deixava entregue nas mãos dos garçons do Bola 7, o principal restaurante da época e que até hoje é atração na capital do Boi Gordo. Eu ficava por alí na companhia de alguns amigos e quando chegava a hora de ir embora avisava um garçom, o Joaquim. Ele me embarcava num táxi e dizia ao motorista o endereço onde devia me deixar.

Anos depois, quando me mudei para Araçatuba, passei a frequentar com bastante assiduidade o Bola 7, porém, nunca mais encontrei aquele garçom. Em 1993 ou 1994, na Chopperia Babilônia em São José do Rio Preto, botei reparo no sujeito que me atendia e reconheci o desaparecido Joaquim. Ele se lembrava dos tempos em que, além de cuidar do seu serviço, ainda vigiava nossa turma de caipiras perdidos na cidade grande.

O mundo girou com as porteiras abertas e eis que, na última sexta-feria do mês passado, tive a honra de assistir ao casamento dos amigos Eduardo Mendonça e Celestiany Villar, em Rio Preto. A primorosa festa, no Buffet Dalila, reuniu um grupo seleto de amigos e familiares do casal. Por incrível que pareça, ao chamar um garçom para encomendar o primeiro drink do dia, me deparei com o velho e estimado Joaquim. Não tive como deixar de exclamar, mais uma vez: eita mundo velho sem porteira!. E fiz questão de registrar o reencontro.

Anos 80 - os garçons do Bola 7 na tradicional festa junina do restaurante. Joaquim é o segundo da esquerda para a direita.

Rio Preto (29.07.2011) reencontro no Buffet Dalila.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Revista Placar

Parte da capa da Revista Placar de 18.07.1980

Os aficcionados por futebol sempre elegeram a Revista Placar como a principal fonte de notícias. Na minha adolescência (final dos anos 70/início dos 80), era quase a única. A maior dificuldade, porém, era encontrá-la, pois não tínhamos acesso a assinaturas e a cidade só dispunha de uma banca - a Discolândia - então instalada defronte a Igreja da Matriz, ao lado da barbearia do seu Kalu.

O Walter, dono da banca, encomendava quatro ou cinco exemplares por semana e, com isso, havia uma grande disputa entre os interessados. Eu e Mané Bernabé deixávamos exemplares encomendados com o Walter, mas era comum ele vender as nossas encomendas para o primeiro que aparecesse antes. Me lembro de uma vez que, para não ficar sem, montei num ônibus na rodoviária salgadense e fui comprar a revista em Auriflama.

Certa vez enviei uma carta para a redação da revista, pedindo para ser incluído nos leitores que trocavam correspondências. Na edição de 18.07.1980 meu nome foi publicado, e recebi um grande número de cartas de todo o país.

Agora, viajando na internet, consegui - para minha grande surpresa - encontrar a edição que trouxe o meu nome entre os leitores. Vejam só:



Nome e endereço do blogueiro na Edição n. 533, de 18.07.1980
(clique na imagem para ampliar)

Sob todos os aspectos (futebol, jornalismo esportivo e adolescência salgadense) aqueles foram verdadeiros bons tempos.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Memória 100 (Nova Castilho)


Nova Castilho (Anos 30) - Uma raríssima imagem com dez dos primeiros moradores de Nova Castilho, posando em frente a uma das primeiras casas de comércio do vilarejo, de propriedade de José Thomaz. Da esquerda para a direita: José Juca, Manoel Justino, Firmino Luiz Marques, Antonio Felício, Paulino Galhardo, Antonio Francisco Filho (Nego Nenê), João Firmino Marques, Manoel Reria, João Leopoldino e Irmo Burgue.
Encontrei essa foto nos guardados do meu bisavô Firmino Luiz Marques, mas não havia como identificar os retratados. Lázaro José Francisco (o Zezo, filho do pioneiro Nego Nenê), me enviou outra cópia da mesma foto, cujo verso trazia todas as informações. Com essa postagem o Proseando completa 100 publicações de fotos antigas, resgatando e homenageando a memória dos nossos pioneiros.
(foto: álbuns da Família Marques e da Família Francisco)
(clique na foto para ampliar)

Pitanguinha

Antonio Carlos Pereira da Silva - o famoso Pitanguinha

Pitanga, como todos sabem, é personagem marcante do carnaval salgadense. Desde 1983 é assíduo frequentador do famoso Bloco das Piranhas, cujo bordão sempre foi "Inha, inha, inha, Pitanga é a Rainha".

Seu irmão mais novo, o Antonio Carlos, também se transformou em celebridade salgadense, a exemplo de algumas outras, impossíveis de serem localizadas noutros cantos do planeta terra.

Privilégio da nossa admirável terrinha, que sempre acolheu personagens distintos.

É bem verdade que o Pitanguinha precisava mesmo é de tratamento médico. Todos sabem que, portador de um certo grau de retardamento mental, deveria receber auxílio especializado. Porém, enquanto as autoridades claudicam e a família não possui condições de dar-lhe o necessário cuidado, vive ele pelas ruas da cidade filando cigarros e trocados de todo mundo que lhe aparece pela frente.

Não há como negar, no entanto, que ele leva tudo na esportiva e aceita todas as brincadeiras com fino humor. Há alguns anos ouvi-o contando, numa roda, que havia arrumado uma namorada. A turma deu corda ao assunto e ele passou a pedir uns trocados justificando a necessidade de por uns cobres no bolso:

- Vou levar minha namolada no restolante...

- E você sabe se comportar num restaurante Pitanguinha? - perguntaram-lhe. O que você vai pedir?

- Pra ela vou pedir fimé leão, pra mim natumóbis... Se ela não gostar de fimé leão eu peço uma pizzula...

E seguiu narrando as aventuras que pretendia curtir ao lado da pseudo-namorada, repetindo a todo momento a vontade de tomar uísque Natu-Nobilis e oferecer à amada Filet-mignon ou pizza.

Dia desses encontrou o Caiçara no Bar do Placídio Dourado e foi logo pedindo cinco reais. Recebeu, ao invés do dinheiro, uma proposta de trabalho:

- Pitanguinha! Vamos comigo na fazenda do Adilson Promicia. Você me ajuda cortar cana para tratar de uns animais, e, em troca eu te dou vinte reais. Topa?

Ele fez cara de indignação e justificou a recusa:

- Não vou não... eu não plantei cana!